Abadafobia e outros dramas

18:43 2 Comments

O período de carnaval passou. Um alívio! As filas diminuem, o trânsito descongestiona, a praia começa a esvaziar. Não pense que sou contra a folia de Momo ou contra os ritmos musicais que proliferam durante a festa, não sou, acho que deve haver (e se criar) opções para todos os gostos. O que acontece é que moro numa cidade pequena, de aproximadamente 180.000 habitantes. Na chamada alta temporada, esse número chega a quadruplicar e a cidade não tem estrutura (organizacional e física) para receber tanta gente. E já que um dos blocos de carnaval aqui se chama Bloco dos Atrasados e só saiu hoje (domingo, 21/02), também atrasada falo sobre o tema.
Embora estejamos no Estado do Rio e os blocos de arrastão sejam patrocinados pela prefeitura (um bloco por essas bandas recebe um "incentivo" do governo municipal, o que o transforma de manifestação popular em fonte de lucro para organizadores de blocos e também acaba fazendo com que o tema do carnaval desses mesmos blocos não seja algo que atinja os políticos no poder) e, portanto, devessem receber alguma orientação da Secretaria Municipal de Cultura para preservar o que restou da cultura local, alguns blocos acham que estão na Bahia (e eu aqui continuo com a minha oração: abeçoado seja o Espírito Santo por nos separar do Carnaval da Bahia).
O carnaval de Salvador pode até ser legal... lá! É a cultura deles e eu respeito muito, até sou favorável a intercâmbios culturais. Mas me dá um certo... um certo "nojinho" (e isso nada tem a ver com os baianos) quando vejo em plena Cabo Frio grupos seguindo um trio elétrico tocando axé numa data onde tradicionalmente se celebrava a cultura regional com marchinhas e sambas.
Me dá mais nojo ainda quando vejo que parte das pessoas que estão ali, acham que o Carnaval é uma época sem lei e que mesmo atitudes estúpidas recebam o nome de diversão. Graças à estratégia adotada através dos anos pela da Secretaria de Turismo, é comum encontrar pela cidade um determinado tipo de turista, o troglodita bombado de regata colorida (vulgo abadá) que anda sempre em grupo, não pelo grande amor aos seus amigos, mas para intimidar em bando. Se você for mulher, esses caras vão te cercar, te puxar e tentar um beijo e/ou um amasso na força. Quando alguém reclama, ainda ouve um "Os meninos só estão se divertindo, é carnaval. Se tivessem te estuprado aí sim seria problema." Por conta de acontecimentos desse naipe (vividos e testemunhados por mim e por tantas outras pessoas que conheço) desenvolvi uma espécie de abadafobia, não posso ver um cidadão com essa vestimenta característica que já desvio, dou meia volta, faço o caminho mais longo mas evito a aproximação.
Outro problema do Carnaval local são algumas atitudes de alguns dos maravilhosos e bem educados turistas que vem nos visitar. Alguns são dos grandes centros ou estão acostumados com o trânsito das grandes cidades e suas ruas largas. As ruas aqui são estreitas, as calçadas aqui são estreitas e não tem como mudar isso. Como toda cidade pequena, tudo gira em torno do centro e o centro aqui é histórico, as ruas da cidade foram planejadas dessa forma ainda no período colonial. Antes de viajar para alguma cidade a turismo, as pessoas deviam procurar informações sobre ela. Se fizesse isso, qualquer turista de uma talvez Baixada Fluminese, que economizou à duras penas para alugar uma casa de dois quartos que entupira com 40 conterrâneos, saberia que não adianta buzinar desesperadamente para o carro da frente andar mais rápido, as ruas estreitas não suportam tamanho tráfego e o carro da frente não está parado porque quer. Quem vem pra cá, sabe do congestionamento à caminho, que começa lá na Ponte Rio-Niterói e só termina quando o motorista chega ao seu destino. Então, se você é um desses malas que buzinam por esporte: vai buzinar na p*ta que o pariu!
Há também o problema do lixo. Cabo Frio, há uns anos atrás foi laureada com o título de "cidade mais limpa do Brasil". Isso não é lá grandes coisas, já que o título foi criado e autoconcedido pelo ex-prefeito (durante seu mandato, claro) e de tal competição, somente Cabo Frio partipara (se você conhece outra cidade que fora agraciada com tal alcunha, cartas pro meu e-mail, por favor), mas é fato que gostamos de manter a cidade limpa. Parte dos turistas, que o secretário de turismo diz ser de qualidade, não dá a mínima pra isso e emporcalha a cidade. Não só não dói coletar o próprio lixo, colocar num saquinho e esperar o caminhão da coleta (que passa diariamente) levar para o depósito, como é a obrigação de cada um. Assim como jogar as latinhas, copinhos, pacotes de salgadinho, papéis, etc. nas diversas lixeiras espalhadas pelas ruas. Sem contar o pessoal do MSP - Movimento dos Sem Praia, que por não ter praia na sua cidade, acham que podem acabar com a praia daqui, largando tudo e qualquer coisa na água e na areia.
Além dos turistas, também temos que dividir as ruas com mendigos afim de conseguir um trocado ou um "negoço-pa-eu-comer-aí-dona" e vendedores ambulantes de balas, doces (mariolas são as preferidas), canetas, isqueiros e cartõezinhos do Smilingüido (tudo produto, assim como o turismo, de altíssima qualidade), ambos escolhem a cidade para passar suas férias na esperança de lucrar com nossos visitantes. E a fiscalização do comércio ambulante e a retirada dos mendigos para o Abrigo Municipal deixa a desejar.
Isso sem falar nos os órgãos públicos, que parecem estar de recesso e não enxergam diversas irregularidades nesse período.
Diante de tal panorama, de um tempo pra cá vem crescendo o número de moradores de Cabo Frio planejando passar o período do confete e serpentina em outros cantos, com ou sem alegorias e adereços. Por que será?
Sei, lá. Gosto mais da minha cidade calma, vazia e limpa.




Ouvindo: RockZ - O amor é uma piada

2 Vozes do além:

Aqui você fala sobre o que bem entender, mas eu vou achar mais legal se você falar sobre o assunto do post. E se você vier só pra fazer propaganda, mando um monstro puxar seu pé de madrugada!

Porquices

Eu não sou muito de odiar, mas odeio gente porca. Mais que vigaristas de toda espécie, o porco me incomoda deveras. Isso porque, como disse no blog Canal Cereja, a porcaria não é uma coisa que se restrinja ao porco, ela interfere na vida de outras pessoas, inclusive as que prezam por um mínimo de higiene. Já disse também que penso que tem gente que é tão suja por dentro que isso acaba se refletindo do lado de fora, em outras esferas da sua vida. Sim, não é impressão sua, eu tenho uma pequena mania de limpeza. Isso é um defeito (né, Freud?), mas é melhor que ter mania de sujeira.
Sou totalmente a favor de multa pra quem joga lixo no chão, o que já acontece em algumas cidades de países europeus, aplaudo de pé o decreto do prefeito do Rio, Eduardo Paes, que manda prender os mijões de rua (acho ainda que deviam ser multados). Dizem que educação se traz de casa, mas quando isso não é uma realidade acho corretíssimo que o governo tome medidas punitivas. Claro que também tem que ter lixeiras decentes nas ruas, banheiros químicos, etc. Mas até quando o governo providencia tais instrumentos, vejo muita gente que, mesmo estando há poucos metros de uma lixeira, não se dá o "enorme" trabalho de jogar o lixo onde se deve.
Na praia então, isso se agrava monstruosamente. Cara, se você for na praia e pretende consumir algo por lá, leva uma sacolinha pra colocar o seu lixo! Andando poucos metros pela areia se encontra desde cascas de côco, palitos de picolé, latinhas de refrigerante e cerveja, pacotes de biscoito, copinhos de plástico, escatologias diversas e algumas coisas indefiníveis. Tudo largado na areia, quando não preferem enterrar. E o pior é que não é só aqui que isso acontece, em tudo que é canto tem pessoas sem a consciência de que são responsáveis pelo lixo que produzem.
Foi então que, ainda agora, num papo no MSN com o ilustríssimo Vinícius Belshoff, um grande filósofo dos nossos tempos (cof), que conheci a Teoria da Bunda. Disse ele: "aqui em casa a gente segue a teoria da bunda. Até um determinado momento da sua vida alguém cuida da sua bunda pra você, depois quem tem que limpar é você mesmo, a não ser que pague alguém pra isso. É regra de vida".
Tá certíssimo. E acredito que chamar essa gente de porca deve ofender os pobres bichinhos.

Ouvindo: Regina Spektor - Back of a truck

2 Vozes do além:

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Do ponto de vista da salada




Dado o conservadorismo, pode ter quem ache um tanto vulgar (oi, século XXI). Quero deixar claro que não tem nenhuma intenção homofóbica, feminista ou machista nessa historinha tosca (a primeira da série Salada sem nexo).

Ouvindo: Fuzzcas - Deveras

0 Vozes do além:

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Um frufru confuso

Dizem por aí que só um novo amor é capaz de curar as feridas deixadas por um amor do passado. A lógica é que usam o veneno da cobra para fazer o soro antiofídico e para criar vacinas usam os próprios vírus. Mas quando se coloca o amor na condição de curável (como se houvesse uma caixa de Band Aid com formato de coração), já é porque não é amor e sim uma grande merda. Acredito no amor. Mas no amor de verdade e não no verborragizado por aí (te achei lindo, te amo).



O que isso tem a ver com o que vou escrever a diante? Nada! Ou tudo, não sei.
Ontem, depois que saí do escritório (isso foi após pedir demissão dando a justificativa de que está sol e eu quero ir na praia - sim, eu disse isso) passei na casa de uma amiga que mora lá perto. Fazia tempo que não via a mãe dela, que logo perguntou sobre um ex-namorado, por quê a gente tinha terminado e essas coisas. Acabou porque acabou, oras! As coisas tem começo e tem fim. Desimportando-se com minha falta de vontade explícita de continuar respondendo, ela arrematou com "e não está namorando por quê?". Muita gente faz essa pergunta, não só pra mim. É fácil encontrar alguém que já ouviu um "por que você não está namorando?". Sabe? Eu, essa moça tradicional (cof cof), não acho que namorar seja algo micareta style. Nada contra carentes compulsivos, mas me soa falso namorar por namorar, parece algo só pra não ficar sozinho. Se você é um jumento e não entendeu, eu estou falando de relacionamentos duradouros aqui nesse papo de tia velha.
Pobre amor... caiu no banal se tivesse caido no bacanal podia ter se divertido, pelo menos. E já caiu lá faz tempo, junto com tantas outras coisas.

Constatação 1: Eu sou uma pessoa antiquada.
Constatação 2: Eu sou uma pessoa que se perde nas palavras.
Constatação 3: Fiquei mais velha essa semana e isso talvez explique minha perda gradativa de memória (não, não fumo maconha) e os outros dois itens acima.


Ouvindo: Arnaldo Antunes - Vem cá (até coloquei na barra lateral)

4 Vozes do além:

Aqui você fala sobre o que bem entender, mas eu vou achar mais legal se você falar sobre o assunto do post. E se você vier só pra fazer propaganda, mando um monstro puxar seu pé de madrugada!