Where did all the good people go?

Ainda tem gente que se surpreende quando me pergunta sobre algum programa de tv e eu respondo que não vi.

- Sabe a Glaucicleide da novela?

- Não, não assisto.

- Nããããããããoooo?!

Pois, é. Eu assisto muito pouco. E para falar a verdade, a maioria das vezes que ligo a televisão é para assistir um dvd, um telejornal da madrugada, um seriado. E não estou dizendo isso para me fingir de cult. De fato a televisão perdeu boa parte de seu espaço na minha vida com o advento da Internet. Mas de vez em quando me sinto na obrigação de assistir algumas coisas para não ficar totalmente alienada do mundo televisivo. Neste domingo fiz isso. Liguei minha tv, e comecei a mudar de canal, na esperança de encontrar alguma coisa que merecesse minha atenção. Pasma, não encontrei nada! Onde estão as pessoas que valem à pena ser assistidas, as que merecem ser entrevistadas em horário nobre? Não estão na telinha?

Acho que ampliei demais meu pequeno universo... devia ser como as outras pessoas que esperam pela Fátima Bernardes para saber o que está acontecendo do lado de fora da janela, que acham programas que ridicularizam minorias e vilipendiam a mulher engraçados, que não perdem os capítulos (atualizados diariamente) da vida das “celebridades” nos programas de fofoca e que, é claro, não perdem a novela. Isso é ser normal. E mais normal ainda é considerar esse tipo de programação como "entretenimento".

Será que só eu acho a atual programação da tv aberta um lixo (com raras exceções)? Apertar o botão de desligar está fora de cogitação?

Acho que a tv se tornou um vício para determinadas pessoas, embora elas não percebam, ou não admitam. Foram controladas pelo controle remoto.


Trilha sonora: Titãs - Televisão

Da importância de escrever corretamente

Tem gente que não se incomoda com os problemas que tem com a escrita. Eu não sou a pessoa que escreve dentro do uso normativo da língua portuguesa, nem estou fazendo uma crítica ao já famigerado netiquês, mas é legal escrever de uma forma que seja ao menos legível.

Vai que amanhã você resolva fazer uma homenagem a alguém? Vai que amanhã você deseje se tornar um tatuador? Ou pior, vai que amanhã você receba uma singela homenagem como essa (clique na imagem para ampliar, se não estiver enxergando direito):


Esse post também poderia ser sobre a importância do lugar escolhido para se fazer uma tatuagem, se você não conhecer bem o tatuador...

Trilha sonora: Ultrage a rigor - Inútil

Na fotografia, estamos felizes

Já há algum tempo um primo meu fala sobre fazer um álbum com as fotos de todos os membros da família. Como aqui em casa estão todas as fotos do espólio de minha vó, me comprometo a separar algumas e enviar para ele. Passei a tarde inteira analisando álbuns, selecionando as melhores, scanneando e fazendo o upload ( e ainda tem mais fotos para outro dia).
O mais interessante de rever fotos antigas é que este também é um modo de se rever. Ri muito com certas fotos, cheguei a me emocionar em outras e algumas me levaram a uma das maiores questões da humanidade: como é que eu tinha coragem de usar/fazer isso?
Pensei que seria algo chato, mas rever todas aquelas fotos que já estavam praticamente esquecidas na gaveta foi uma coisa boa. Minha família é enorme, e não tenho contato direto com boa parte dos meus parentes (Orkut não conta). Foi uma forma de reviver momentos felizes ao lado de pessoas que eu quero bem (não que os momentos e as pessoas de agora não o sejam).
Deixo esse post aqui hoje porque talvez inspire alguém a fazer o mesmo, e, talvez também, essa pessoa que se sentir inspirada se sinta tão bem quanto estou me sentido com esse contato com o passado da minha família, que nada mais é que a minha história.

Sugestão de trilha sonora: Oswaldo Montenegro - A lista (não sou fã dele, mas a letra dessa música é foda!)

Medo da verdade

Um dia cheguei a conclusão de que as pessoas não gostam da verdade. Às vezes até fingem que gostam, posam de defensores da verdade, mas não, não é sincero. Acho mesmo é que as pessoas, pelo menos a grande maioria, gostam de verdades artificiais, tem o rapaz que toma bomba e acha que está forte, a garota que faz uma progressiva e sai por aí como se nunca tivesse sido crespa, a senhora defensora da moral que finge não saber que o marido tem uma amante, o senhor que esconde dos amigos que está afundado em dívidas, o funcionário padrão que fuma um baseado escondido no banheiro.
Eu não sou a moralista, não estou condenando estas pessoas. Mas a sociedade os condenaria se se mostrassem como são. O rapaz que usa bomba, não seria tão bem aceito se fosse apenas fortinho ou se fosse magrelo mesmo, os rapazes magrelos não fazem muito sucesso quando vão à praia... por isso alguns deles acabam abandonando seu charme natural e preferem ficar fortões, para serem vistos com outros olhos.
As moças de cabelos cacheados... os cachos são tão bonitos. Mas elas não acham, preferem "ser lisas', talvez não seja tanto pela beleza do cabelo liso, mas pela praticidade. É só sair na rua, alguns nem precisam sair para encontrá-las (talvez você que me lê agora seja uma lisa, então eu digo para você: acho lindos os cachos, quisera eu ter chachinhos definidos a lá Maria Fernanda Cândido), alguns lisos se desmancham com água, outros não. Não sei porquê elas alisam, mas se fossem cacheadas ou crespas iam dizer que o cabelo delas não é "bom".
A senhora, mãe de família, que acha a vizinha imoral porque fala abertamente sobre sexo, que vai na missa todo domingo, que convida as amigas para um chazinho às quartas-feiras... o marido dela tem uma amante. Ela nem cogita a possibilidade de ter um, tampouco de largar o traste do marido, precisa manter as aparências. É infeliz, mas tem marido, e para alguns isso é o que importa: ter uma família, não importando se esta é feliz ou não.
O senhor endividado (que até poderia ser o marido da senhora citada anteriormente) contrai mais dívidas para trocar o carro por um zero. O outro carro estava ótimo, bem conservado, semi-novo, mas era um modelo do ano passado... todos os "amigos" dele trocaram de carro, ele se sentiu na obrigação de trocar também. Vai entender...
O funcionário padrão... o cara é considerado pelo patrão como um modelo para os outros funcionários. É pontual, responsável, ajuda os colegas de trabalho (dentro e fora da empresa) quando precisam de algo que esteja ao alcance dele. Mas será que pensariam tão bem dele se soubessem que quando o trabalho o estafa, ele disfarça, no fim do expediente vai ao ban
heiro escondido, depois que todos foram embora e fuma um baseado para tentar relaxar (aos moralistas: não estou fazendo apologia de nada aqui, ok?)?
Algumas pessoas só aceitam aquelas que são verdades artificiais e isso acaba fazendo com que outras passem a usar uma espécie de sinceridade sintética, seja no aspécto estético ou no intelectual.
A verdade: tão amada e tão odiada...



Recomendação de música: Radiohead - Fake plastic trees

E eu que pensei que a "moda" emo tinha passado...

Hoje eu vou estar inteiramente
à sua disposição
equilibrando os sentimentos
para que quando você chegar
só encontre o que é verdadeiro e bom

E eu que nem pensava mais em te querer
descobri que sem você
não sou mais nada
e que você ainda pensa em mim
da forma que eu sempre quis
(que alguém pensasse)

Mas, esqueçamos o passado
aqueles tempos já se foram
agora tudo o que está acontecendo será novo
Chega de olhar pra trás!

Nosso caminho foi traçado
por nós mesmos, aqui.

- escrito em 30/10/02

Jesus, acende a luz!

Não, eu não queria fazer um segundo post com tendências religiosas... mas quando esbarrei nisso, não resisti.

Por Deus...

Quem é Deus? Pelo que ouço as pessoas dizerem, ele é o grande responsável por tudo. Mas acho que afirmar isso não passa de uma grande irresponsabilidade de seus devotos. Por isso reproduzo aqui uma das coisas mais bonitas que já vi alguém escrever sobre Deus (escrito pela Luiza Sarmento):

"Pobre Deus! Como se já não bastasse a responsabilidade das mortes causadas por catástrofes, doenças e fome, tem também que arcar com a vida daqueles que as entregam em suas santas mãos, como num serviço de atendimento ao cliente, mesmo tendo total capacidade de conduzi-las. Além disso tem também que se responsabilizar por aqueles que fazem com suas próprias mãos injustiça divina, em Brasília, na polícia e nas favelas, sempre com a frase: "Fé em Deus".

Meu Deus! Quanto mau se faz em teu nome.

Pelo amor de Deus não pensem que tenho algo contra Ele! Pelo contrário, por lhe ter enorme consideração e apreço, prefiro tirar o Seu da reta. Se de fato fomos feitos à sua imagem e semelhança, então ele tem figura humana, e nós nos assemelhamos em, em... Em quê? Quem sabe em seu poder? O poder de conduzirmos nossas vidas sem responsabilizar ninguém. Convivendo com a dor de se saber responsável pelos próprios erros, e o orgulho de contabilizarmos nossas vitórias.

É claro criador! Pode deixar que a minha parte eu faço e vou continuar fazendo.

Se Deus é pai, acho mesmo, que ele me agradeceria por menos essa responsa, e ficaria orgulhoso em ver que sua filha cresceu e sabe caminhar com as próprias pernas, conduzindo seu caminho, sem entregá-lo na mão de ninguém.

Foi Ele mesmo quem me deu essa chance:
Só à mim que digo amém."

Eu fico pensando nessa galera... nesses que se escondem atrás de Deus: faça seu caminho, rapaz! Deus, se existir, vai se orgulhar de você por ter atitude, por fazer o bem por pura bondade e não porque te prometeram uma recompensa numa outra vida, por ser gentil e educado, por ter opinião própria, etc.
Freud disse que "A maioria das pessoas não quer realmente a liberdade, pois a liberdade envolve responsabilidade, e a maioria das pessoas tem medo de responsabilidade". Isso tem a ver com o que foi escrito acima. Deus é onde as pessoas se sentem seguras para se esconder. Os crentes (entenda que estou usando a palavra crente no seu termo mais simples, aquele que crê) costumeiramente dizem "eu vou conseguir [leia aqui o nome de alguma coisa], se deus quiser" e não "porque me dediquei". É mais fácil dar o crédito a deus, porque, afinal, se não der certo, também tem a vantagem de se eximir da culpa do fracasso, basta um "não foi a vontade divina" ou "não era a hora".

Eu, se fosse tão crente, deixaria o(s) deus(es) em paz. Isso mesmo, cuidaria eu mesma da minha vida e deixaria que ele(s) se preocupasse(m) com outras coisas mais importantes, como, por exemplo, a paz mundial (que só é preocupação das pobres misses, que nada podem fazer).

Você pode caminhar sozinho, se não se habituar demais às muletas. Não se esconda atrás da fé.

Não deixe o samba morrer

Homenagem póstuma ao Jamelão.

Ele não gostava de homenagens em vida mesmo...

E se fosse vivo não entraria aqui também.

Mas o Jamelão é a voz do samba.

Quem mais responderá tão sem fazer média aos repórteres?

Quem gritará "Mangueeira"?

Se foi...