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A oração de Janis Joplin


Na tiração de sarro, por volta de 1970, Janis Joplin compôs Mercedes Benz com outros dois caras. Mesmo após 40 anos, sua letra continua atual. Pra quem não conhece (se é que existe tal pessoa), a música é uma espécie de oração, na qual se pede de uma Mercedes até uma rodada de bebidas, passando por uma TV a cores. Janis estava satirizando o que as pessoas colocam como prioridade.
Eu não acredito no poder da oração, mas acredito em pessoas. E por acreditar em gente de carne e osso (e independente de não crer em misticismos), tenho lá minhas dúvidas com relação ao naipe do ser humano que pede frivolidades para quem quer que seja quando acredita que seus pedidos podem ser atendidos. 
Então a vizinha está rezando para conseguir uma “boa empregada doméstica” (leia-se alguém que tope voltar aos tempos da escravidão). Numa igreja por onde passo a caminho do trabalho, há uma faixa na porta com o convite para a “corrente da derrota dos inimigos”. Lideranças católicas e pentecostais se unem contra os direitos de pessoas que sentem atração por outras do mesmo sexo. Na TV um pastor sugere que os fiéis participem de uma campanha para “prosperidade financeira”. Instituições religiosas arrecadam verba para enviar bíblias a países onde grande parte da população morre de fome. Igrejas evangélicas desrespeitam leis trabalhistas. Igreja Católica luta para doutrinar crianças na escola pública. Igrejas são contra a adoção de crianças por casais homossexuais. Pastor cria dízimo por débito automático. Religiosos se unem para proibir projeto de cinema itinerante em escolas no Acre. Igrejas protestam contra distribuição gratuita de camisinhas. Igrejas são contra o direito de um casal decidir quando e se querem ter um filho. Igrejas pouco fazem para evitar e punir casos de pedofilia, estupro e outros abusos sexuais dentro de seus domínios. Deputados evangélicos declaram abertamente que chantagearam a presidenta e fingirão que não estão vendo certas irregularidades para que a mesma cedesse a um desejo deles. Os grandes pensadores do cristianismo eram contra o meu direito de pensar. Até hoje instituições religiosas promovem fogueiras de livros seculares. 
Qual a prioridade dessa gente? Não parece ser amar o próximo, não me parece ser algo além do individual, não me parece ter a ver com respeito com os demais.




Nossa Senhora do Tablet com Android, rogai por nós!


Posso fazer uma observação?


Também conhecido como Postagem desnecessária sobre política ou Momento Chiquinha


Num país cheio de problemas sociais como o Brasil, só eu acho de uma mesquinharia ímpar as instituições religiosas considerarem de máxima importância o posicionamento sobre a descriminalização do aborto e o casamento homossexual para manifestar apoio ao cadidato X ou Y? E as outras questões todas, não tem peso nenhum?!
Apesar de não ser uma pessoa religiosa e de não nutrir grande simpatia por qualquer denominação cristã, consigo perfeitamente enxergar contribuições das mesmas para a sociedade. Grande parte das organizações filantrópicas desse país possui ligação direta com alguma igreja e, no meu ponto de vista, isso contrasta fortemente com o fato de eu não ter visto a maioria dos religiosos e suas intituições preocupados com os planos dos candidatos para a área social (inclua aí também educação e saúde). Saíram nomes como Padre Antônio Vieira e Irmã Dorothy, entraram padres e pastores mais preocupados com holofotes e cofres (sejam os cofres pessoais ou os da própria igreja), enquanto a qualidade de vida do povo pouco importa frente à manutenção e imposição de dogmas e conquista de espaço.
Na luta pelo poder, as igrejas e os grandes líderes religiosos (tanto os que apóiam Serra, quanto os que apóiam Dilma) optaram pelo candidato que mais lhes dará abertura ("poder"). Parafraseando a Bíblia: vaidade das vaidades, tudo isso me parece apenas vaidade.
Não existe chance de isso ser apenas um pesadelo? As pessoas acreditam mesmo que CNBB, Macedo e Malafaia estão apenas "em defesa da vida", enquanto é claro e cristalino que estão mais em defesa da sobrevivência das instituições que cada um deles representa? O mais desesperador é que as duas opções de voto abrem mão de ideais e idealismos para agrada-los.


Vou preparar o meu barquinho, a saída deve ser pelo mar.




Ouvindo:
Orquestra Imperial - Não foi em vão

Amor urgente

Passo pela banca de jornal e uma manchete bizarra salta aos meus olhos (outro dia falo sobre ela). Não resisto e compro o jornal de R$0,50 para rir um pouco com os trocadilhos infâmes da "matéria". No meio do jornal, outra coisa me chama atenção: Pai McGayver (nome obviamente alterado para evitar novos processos).
Pai McGayver é um pai de santo e sua propaganda afirma: "não gosto de mentiras, muito menos pilantragem (...) meu trabalho é sério (...) só faço o trabalho se realmente tiver jeito". Desconsidere Preste atenção no "se realmente tiver jeito" porque a anúncio segue: "Pai McGayver afirma e dá garantia: trago a pessoa de qualquer parte do mundo em 5 horas".
Rá! Se você é um dos picaretas que prometiam trazer a pessoa "amada" em 7, 5 ou 3 dias, só uma coisa a dizer: Perdeu, playboy! Pai McGayver é muito mais eficiente! Aliás, ele conta com outros dispositivos para "amarração", contando com uma linha de produtos que inclui baby dolls, calcinhas e cuecas consagradas, bombons e líquidos (líquidos???). "Tudo para manter quem você ama debaixo dos seus pés".
Antigamente a promessa era trazer o seu amor de volta em 7 dias, depois baixou para 5 dias, caiu para 3 e agora, finalmente, são apenas 5 horas. É o avanço da tecnologia: há alguns séculos a pessoa era trazida pelo caixeiro viajante (levava 7 dias para chegar), depois passou a vir pelo correio (5 dias), daí inventaram o Sedex (no máximo 3 dias) e agora que estamos na era da Internet, a pessoa "amada" volta em 5 horas, que é o tempo necessário para fazer o download de um pacote dessa importância.
Muita gente paga por esses serviços, então se você tem espírito empreendedor não perca tempo, invista com tudo no Macumba On-line. É o empreendimento do futuro. A Anatel já anunciou que a partir de 2010 a velocidade da Internet em todo o território nacional será equevalente à de países de primeiro mundo. Dessa forma a pessoa amada voltará em apenas 5 minutos. (Pra onde vai o charme da conquista? Não sei.)
Independente de eu não acreditar que essas coisas funcionem, tenho um certo medo dessa gente que de tão carente, se fosse possível, seria capaz de "escravizar" alguém só pra não ficar sem companhia. Pra mim isso é doença e se você, querido estranho, pagaria, está pagando ou já pagou por isso, desculpe minha sinceridade, mas acho mesmo que você deveria usar esse dinheiro pra pagar um psiquiatra. Infelizmente não daria pra você comprar amor próprio também, já que este não consta nas prateleiras.

Quanto a mim, continuo querendo a sorte de amores tranquilos.


Ouvindo: BB Brunes - Dis moi

Deus lhe pague!

O Kid Abelha tem uma música chamada Deus (apareça na televisão). Numa das minhas madrugadas insones, passei por alguns canais religiosos. Todos pediam doações em algum momento.
Um deles pedia para que os fiéis-telespectadores-sócios-da-obra enviassem seu ouro (sem conotação, estavam falando de ouro mesmo), usando argumentação barata para tentar convencer os, às vezes ingênuos, telespectadores a doar jóias de família. Um outro oferecia tantas formas de pagamento doação que mais parecia uma intimação: depósito bancário, boleto, débito automático, cartão de crédito, cartão de débito e acréscimo na conta de luz ou telefone (o cara escolhe uma determinada quantia, esse valor vem acrescido na conta e a companhia repassa o valor para o banco a igreja.
Foi aí que o refrão da música do Kid Abelha passou a ter outro significado pra mim: deus, por favor, apareça na televisão (porque os que dizem falar em seu nome, vão acabar queimando o teu filme).



Ouvindo:
Lulu Santos - Melô do amor
Cássia Eller e Hebert Viana - Mr. Scarecrow
Marisa Monte - O bonde do Dom

Ho-ho-ho! Está chegando o Natal...


Eu não gosto do Natal. Pra mim é a pior data do ano, por uma série de fatores, que se fosse enumerar não caberia numa única postagem. Como o lado ocidental do nosso planetinha é cristão e o Brasil é o país com o maior índice de “cristãos” (esse foi entre aspas porque na minha opinião, pelo menos metade dessas pessoas que se declaram cristãs só o são no rótulo) não tenho escapatória, não tem como se manter indiferente ao dia do deus Sol.

Não sei exatamente o motivo que me faz não gostar do período natalino, talvez a demagogia das pessoas nessa época, talvez meu desapego religioso, talvez o apelo consumista, que transformou a figura de Seu Nicolau (que foi construída para ser um símbolo de caridade) em um símbolo comercial, talvez pela demasia de lembretes de que a data se aproxima, talvez por causa da voz da Simone cantando Então é Natal - John Lennon não sabia que suas War is Over (com suas inúmeras versões) e Imagine se tornariam clichês natalinos quase que banalizados. Por que cargas d’água todo ano os entusiastas do Natal usam essas mesmas músicas pra vender seus peixes?! Enfim, não sei mesmo o que me leva a não gostar, talvez, ainda, seja pela forçação de barra (se algum apaixonado pela língua madre se ofender com o meu "forçação", desculpe, me dei conta de que não faço a menor idéia de como se escreve e meti duas cedilhas).

Quando era criança, passávamos o Natal na casa da minha tia, com toda a família, mas acho que não entendia direito a razão daquela festa que tinha que se esperar até meia-noite para comer as frutas secas (que na minha família só aparecem nessa época mesmo). Conforme fui crescendo fui aprendendo sobre o simbolismo da data e vi que tudo aquilo fazia ainda menos sentido. Hoje não vejo praticamente sentido algum, mas mesmo assim me vejo presa à noite do dia 24 e madruga do dia 25 com a família.

Pelo bem da verdade, tenho que dizer que há coisas que me agradam no Natal. A decoração, por exemplo, gosto das luzes nas ruas, nas casas, nos prédios, etc. Por isso coloquei até um pisca-pisca Ching-Ling (leia-se made in China) aqui em casa para enfeitar. E a rabanada! Adoro rabanada e só dá pra fazer rabanada apropriadamente nessa época do ano (já tentei com pão dormido, mas não fica igual). Presentes podem ser dados/recebidos em qualquer data, então não entram na lista de coisas peculiares ao Natal que me agradam.
Ah, mas se você é uma das pessoas que gostam, já te desejo, bem antecipadamente, um feliz Natal.

Só sei que nada sei

Eu não sei. E não sei também porque as pessoas não gostam, têm vergonha, medo ou coisa parecida de dizer que não sabem. Assumir não saber não é covardia, pelo contrário, é verdade. E verdades deveriam ser vistas como coisas positivas. Claro que estou falando das minhas verdades e não das verdades alheias. Cada um tem sua própria verdade e acreditar na verdade dos outros é uma das piores mentiras!
Não acredito em verdades absolutas, por isso me dou o direito de mudar de opinião daqui a cinco minutos. Acredito que cada um tenha o direito de acreditar ou não no que bem entender. Acredito no respeito e na liberdade como maior bandeira. Somos livres? Se não somos, seremos quando acreditarmos em nós mesmos antes de acreditar em fatores externos.
Claro que quando você souber a resposta, tiver certeza, responda com toda a sinceridade. Mas quando não souber, não se envergonhe de dizer que não sabe.
Eu não sei. E resolvi escrever isso aqui hoje, porque já postei tantas vezes, em tantos lugares diferentes sobre as coisas nas quais não acredito que achei legal falar sobre o que acredito, a verdade. E a minha verdade é assumir que não sei tudo e que ainda tenho muito o que aprender.


Ouvindo enquanto digito: Radiohead - High and dry

Jesus, acende a luz!

Não, eu não queria fazer um segundo post com tendências religiosas... mas quando esbarrei nisso, não resisti.

Por Deus...

Quem é Deus? Pelo que ouço as pessoas dizerem, ele é o grande responsável por tudo. Mas acho que afirmar isso não passa de uma grande irresponsabilidade de seus devotos. Por isso reproduzo aqui uma das coisas mais bonitas que já vi alguém escrever sobre Deus (escrito pela Luiza Sarmento):

"Pobre Deus! Como se já não bastasse a responsabilidade das mortes causadas por catástrofes, doenças e fome, tem também que arcar com a vida daqueles que as entregam em suas santas mãos, como num serviço de atendimento ao cliente, mesmo tendo total capacidade de conduzi-las. Além disso tem também que se responsabilizar por aqueles que fazem com suas próprias mãos injustiça divina, em Brasília, na polícia e nas favelas, sempre com a frase: "Fé em Deus".

Meu Deus! Quanto mau se faz em teu nome.

Pelo amor de Deus não pensem que tenho algo contra Ele! Pelo contrário, por lhe ter enorme consideração e apreço, prefiro tirar o Seu da reta. Se de fato fomos feitos à sua imagem e semelhança, então ele tem figura humana, e nós nos assemelhamos em, em... Em quê? Quem sabe em seu poder? O poder de conduzirmos nossas vidas sem responsabilizar ninguém. Convivendo com a dor de se saber responsável pelos próprios erros, e o orgulho de contabilizarmos nossas vitórias.

É claro criador! Pode deixar que a minha parte eu faço e vou continuar fazendo.

Se Deus é pai, acho mesmo, que ele me agradeceria por menos essa responsa, e ficaria orgulhoso em ver que sua filha cresceu e sabe caminhar com as próprias pernas, conduzindo seu caminho, sem entregá-lo na mão de ninguém.

Foi Ele mesmo quem me deu essa chance:
Só à mim que digo amém."

Eu fico pensando nessa galera... nesses que se escondem atrás de Deus: faça seu caminho, rapaz! Deus, se existir, vai se orgulhar de você por ter atitude, por fazer o bem por pura bondade e não porque te prometeram uma recompensa numa outra vida, por ser gentil e educado, por ter opinião própria, etc.
Freud disse que "A maioria das pessoas não quer realmente a liberdade, pois a liberdade envolve responsabilidade, e a maioria das pessoas tem medo de responsabilidade". Isso tem a ver com o que foi escrito acima. Deus é onde as pessoas se sentem seguras para se esconder. Os crentes (entenda que estou usando a palavra crente no seu termo mais simples, aquele que crê) costumeiramente dizem "eu vou conseguir [leia aqui o nome de alguma coisa], se deus quiser" e não "porque me dediquei". É mais fácil dar o crédito a deus, porque, afinal, se não der certo, também tem a vantagem de se eximir da culpa do fracasso, basta um "não foi a vontade divina" ou "não era a hora".

Eu, se fosse tão crente, deixaria o(s) deus(es) em paz. Isso mesmo, cuidaria eu mesma da minha vida e deixaria que ele(s) se preocupasse(m) com outras coisas mais importantes, como, por exemplo, a paz mundial (que só é preocupação das pobres misses, que nada podem fazer).

Você pode caminhar sozinho, se não se habituar demais às muletas. Não se esconda atrás da fé.