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Quando o fã-clube não é tão fã assim

Não que eu concorde totalmente, mas vale de brinks.

Entrei em contato com a obra do Caio Fernando Abreu num dia cinza. Era 2002 e eu lia o jornal enquanto tomava meu café da manhã. Lá pelo Segundo Caderno, havia uma reportagem sobre o lançamento de Cartas, uma coletânea de correspondências enviadas por Caio a amigos, parentes e outros.
A princípio, não me interessei pelas cartas (só fui ler o livro no fim de 2008), o que me chamou atenção foi outro título citado na reportagem: Morangos Mofados. Já disse aqui que me atraio por títulos (talvez o fato de eu ter grandes dificuldades de cria-los tenha algo a ver com isso) e, assim, Morangos Mofados foi meu primeiro Caio. Depois li Onde andará Dulce Veiga e Os dragões não conhecem o paraíso (taí o título me atraindo de novo).
Mas o Caio tem um porém. Costumo usar uma frase sobre Jesus que talvez se aplique também ao escritor gaúcho (e o mesmo serve para Cecília Meireles): por mais que ele tenha sido um cara legal, existe algum problema com o seu fã-clube. O que é essa gente toda que cita Caio e Cecília? Às vezes fico pensando no que eles, de personalidade forte (sensivelmente fortes) e crítica, pensariam se pudessem ver esse mar de citações envolvendo seus nomes. E olha, eu sou uma dessas criaturas detestáveis que tem frase do Caio na assinatura do e-mail (!)... Mas, percebi que estou desenvolvendo uma certa intolerância antipatia com o pessoal que é fã por causa de citações. Mais ainda quando colocam alguma frase de uma personagem como se fosse a opinião do autor (sem querer entrar na quizomba de até que ponto o autor coloca suas próprias ideias nas falas das personagens).
Como costumo dizer, sou antiga. E pessoas antigas, no geral, são resmungonas. E na condição de resmungona, me pergunto: como é que alguém vira “fã” de determinado autor sem conhecer sua obra, apenas algumas citações? Dessa forma vejo cristãos fervorosos citando e declarando admiração a odiadores do cristianismo, homofóbicos citam autores gays, ativistas citam pensadores contrários aos seus ideais. Sem querer fazer o papel de radical, mas já fazendo, na minha cabeça a citação traz consigo uma dose de admiração. É claro que dá pra se admirar muita gente por uma única coisa, mas, mas, mas... Quem sabe se conhecendo de fato a obra dessa pessoa a admiração não ganhe mais valor, sei lá, uma referência mais verdadeira?
Talvez todos façamos isso em algum momento, pegamos a parte que nos interessa, que encaixa direitinho na lacuna da solução do problema e não damos muita importância ao resto. Ou talvez seja medo de se decepcionar. Sabe quando você escuta uma música, acha perfeita, procura as outras da banda e vê que aquela é a única que presta? Rola uma decepçãozinha, você esperava mais.
Mas quem sou eu pra julgar, se eu mesma de vez em quando leio algo que acho fantástico e acabo usando a frase em algum momento sem necessariamente me aprofundar sobre o autor (vide barra lateral dete blog)? Eu sei, eu sei, citar alguém também é uma forma de dizer “eu queria ter dito ou escrito isso”. Mas vamos combinar o seguinte: se três ou mais frases de algum fulano despertarem sua afeição, confira se ele não tem mais a dizer além de frases soltas e retiradas do contexto. É mais legal quando você conhece o autor.


*Essa foi mais uma postagem das séries Eu tenho ciúme dos favoritos e Velha ranzinza.

Ouvindo:
Rolling Stones - Love is strong

Os livros na estante

Dizem que os brasileiros lêem pouco. Saiu uma pesquisa há um tempo que dizia que a média é de 4,7 livros por ano, o que dá praticamente 5. Claro que é uma pesquisa por amostragem e tal e que isso significa que alguns lêem muito e outros tantos não lêem nada.
Naquela velha história de promessas para o ano novo, eu me comprometi a ler 12 livros em 2010, um pra cada mês. A idéia não é passar exatamente um mês lendo cada livro, só pra ficar bem claro. Tanto é que terminei de ler o primeiro escolhido, Os crimes de Napoleão, em meados de janeiro e daí emendei logo no livro "de fevereiro", Eu não sou cachorro, não - Música popular cafona e Ditadura Militar.
Os dois primeiros escolhidos estão relacionados à História. Os Crimes de Napoleão, de Claude Ribbe, fala sobre o relacionamento de Napoleão com a escravidão nas colônias francesas. Eu não sou cachorro, não, de Paulo César de Araújo, como o próprio sub-título já deixa claro, é sobre como os artistas da brega music se relacionavam com a Ditadura Militar e vice-versa.
No decorrer da minha tarefa literária, pretendo ler O filho do pescador, de Teixeira e Souza porque eu devia me envergonhar de nunca ter lido! Pra quem não sabe, O filho do pescador inaugurou o Romantismo no Brasil, sendo o primeiro romance escrito nas terras tupiniquins. Eu já devia ter lido porque o autor, Teixeira e Souza, é meu conterraneo (viu? Cabo Frio não é só praia, sol e sal...) eu acho MESMO que a gente tem que conhecer a história do lugar onde mora, do mundo, do país, do estado, da cidade, da família (a gente mora na família? rs). Não tem conhecimentos gerais? Toda pessoa que se preza tem que ter conhecimentos locais também. Gosto de ler. Leio mais que a maioria das pessoas que conheço, mas no ano passado só li uns 5 ou 6 livros, o que é pouco se considerar que às vezes leio mais de um livro ao mesmo tempo. Essa é uma tentativa de reverter o placar.

Mudando de assunto sem mudar de assunto, outro dia estava lendo a coluna da Fernanda Torres na Vejinha (xiiii... citei a Veja, tem gente que parou de ler aqui por causa disso) e ela falava sobre sua relação com os livros. Quando criança não era muito chegada. Tudo porque nos tempos de escola as professoras ofereciam leituras tão desinteressantes que ela, criança, passou a acreditar no clichê de que ler é chato. Tempos depois encontrou um livro mais adequado aos interesses da sua idade e a leitura passou a ser um hábito constante e prazeroso.
Na hora eu disse pra mim mesma: Porra! Eu sempre pensei igual a ela! Penso de acordo com o meu projeto pedagógico a teoria de que usar Catherine Millet e outros autores de literaputa nas aulas de Literatura faria os adolescentes e pré-adolescentes se interessarem muito mais pela leitura. Por que? Simples: porque sexo é um assunto que desperta o interesse. Mas os professores acham mais bacana, acham que os alunos vão se interessar mais, se eles levarem Machado de Assis, com seu atravancado Dom Casmurro, ou histórias tristes de bicho que morreu, mulher oprimida pelo marido, criança chorona, etc.
Não quero passar a impressão de que sou contra o uso dos clássicos em sala de aula. Só acho que se a escola é um dos responsáveis pela formação do leitor, ela tem que oferecer assuntos de interesse dele, ou pelo menos usar a linguagem que ele fala.
Eu não acredito nessa historinha de "eu não gosto de ler". Pra mim não existe pessoa que não goste de ler, existem pessoas que não se interessam por determinados assuntos ou pela forma que eles são expostos (posts prolixos como os meus, por exemplo, podem ser muito chatos). Ler é pura e simplesmente decifrar códigos, você faz automaticamente. Quando você vê um cartaz, automaticamente lê o que está escrito, gostando ou não, o que te faz se aprofundar na leitura é o interesse ou a obrigação. Interesse pelo tema, pelo autor, por impressionar alguém talvez. O prazer de ler não está na leitura, mas no que se está lendo. Fico besta de ver como os "profissionais da educação" não se ligam nisso!
Ok, ok, eu me rendo, sei muito bem que por causa de certos pais e por causa dos diversos tabus e pudores da nossa sociedade não dá para a escola aproveitar tanto os hormônios em ebulição pra formar novos leitores. Mas não poder usar nem um pouquinho de sacanagem em sala de aula é muita sacanagem! E nem se trata de sexo, grande parte dos professores não sabe nem quem é a Thalita Rebolças (tudo bem não saber se você não leciona para crianças e adolescentes), é falta de vontade mesmo.

E se você é uma dessas pessoas que acha que livros são chatos, é bem provavel que esteja enganado. Apenas falta encontrar o livro certo.
Então isso é o que desejo em 2010: leitura, bastante leitura.

Ouvindo: Emily Loizeau - Je souis jalouse

Homem ao mar? Não, Cristo ao mar!

Meus queridos, há pouco tempo uma notícia que eu acharia cômica se não fosse trágica chegou aos meus ouvidos. A Secretaria de Turismo desse meu pequeno cantinho provinciano anunciou uma bizarrice: Cristo no mar! Do que se trata? Vão gastar 400 mil (não informaram se o valor está em reais ou em euros, como aqui tudo é superfaturado não duvido nada que seja a segunda opção) para colocar uma imagem de Gezuis (não o Jesus Luz, mas o Jesus de Nazaré mesmo) no fundo do mar! Como na capital temos o Cristo Redentor, aqui teremos o Cristo Mergulhador.
A brilhante idéia é uma parceria com o governo de Gênova, na Itália, onde já existe a tal imagem há anos. Com a iniciativa, Cabo Frio não quer mostrar, através de uma metáfora, que o cristianismo já afundou e o povo ainda não percebeu pretende entrar no lucrativo rol do turismo religioso, atraindo toda a sorte de romeiros, pagadores de promessas e curiosos para o fundo do mar da cidade. Aos que tem espírito empreendedor, fica minha sugestão: inventem a vela à prova d'água, o lucro será certo.
A imagem, além de seu conteúdo supostamente turístico, também pretende prestar uma homenagem às vitimas de naufrágios e outros tipos de morte por afogamento. Às futuras vitimas fica o "conforto" de saber que sem dúvida nenhuma encontrarão Jesus ao se afogarem nos mares cabofrienses.
O interessante é que quando vi a foto da imagem italiana pela primeira vez, a impressão que tive foi que ela passa uma mensagem de "Ó Pai, por que me abandonastes? Me tire daqui!". No mito bíblico, o Cristo anda sobre as águas, acho que alguém confundiu sobre com sob.

Crsito ao mar

Yemanjá que se cuide, agora ela terá um concorrente de peso!




Aproveitando o post, também quero anunciar que saiu a edição de inverno da Revista Sunshine. Trabalho mais uma vez muito bem feito pelo Rubyers e colaboradores. Vocês podem fazer o download da revista clicando aqui, clicando na imagem que está aí em baixo ou indo no blog do Rubens Medeiros. Pra quem não conhece, a Sunshine é uma revista internética digital sobre cultura, poesia, filosofia e, agora, entretenimento (tudo muito bem ilustrado), de conteúdo totalmente colaborativo (por isso seria legal que você baixasse). Se você gostar, pode divulgar também, faria crianças, já grandes, felizes.

Sunshine


Ouvindo: Arnaldo Antunes - Socorro




Update em 16/07/2009, às 21:43

Quando nóis errra, nóis conserta. Por isso, acho que devo me corrigir no seguinte ponto:
De acordo com o que disse o perfil italiamia producao, que informou ser o idealizador do projeto, sr. Luigi Pirozzi, através de um comentário neste post, o projeto será completamente financiado pela iniciativa privada, ou seja, a prefeitura dessa minha cidadezinha querida não desenbolsará nenhum centavo, ao contrário do que eu dei a entender acima. Abre aspas para o que ele registrou aqui sobre o "Cristo do Mar de Cabo Frio":
"Será um projeto totalmente financiado pela iniciativa privada, seja do Brasil como da Itália. [...] O projeto já conta com uma proposta de patrocínio da Cressi Sub Italia [...] Oultras quatro empresas de diving da europa e grandes empresas brasileiras, a elas também estão sendo apresentada propostas, através de um projeto de captação de recursos. [...] O projeto deve ser entendido como um investimento e não uma despesa"

Esclarecimento feito.
Vou deixar expostos também os queridos parágrafos IV, V e IX do artigo 5º da Constituição:

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;



Debate sempre é saudável. Aos membros do projeto, deixo meu e-mail aberto para qualquer outro tipo de esclarecimento.

Lá vem o sol... tchururu-ru



Depois de quase um mês longe desse universo que nos une, mais conhecido como Internet, volto para falar do lançamento do ano: a primeira edição da Revista Sunshine. Para quem não sabe, a Sunshine é um projeto, sem fins lucrativos, desenvolvido pelo talentoso e criativo Rubens Medeyros. Trata-se de uma revista digital reunindo textos de diversos blogueiros e ilustrados por ele.
Um pequeno texto meu está na revista entre os textos de gente super-talentosa. Me sinto super-mega-ultra-lisongeada por, de certa forma, fazer parte desse projeto e por esse motivo gostaria muito que meus dois fiés leitores, e os leitores ocasionais também, dessem uma olhada na revista e, se possível, a indicassem para outros leitores (pai, mãe, irmãos, amigos, vizinhos, conhecidos, desconhecidos, cachorros, papagaios e outros seres). Conto com vocês!

Opções para ler a Sunshine:

Para baixar a revista, o que é extremamente recomendado, (está no 4shared e tem apenas 13Mb), é só clicar na imagem abaixo:


Para ler on-line, é só clicar neste link que deve estar piscando na sua tela:Sunshine

Com orgulho, exibo o banner:

Sunshine


Perdoem a minha ausência. Beijos pra quem é de beijo, abraços para quem é de abraço e os dois para quem é de beijos e abraços.

Ouvindo:
Ana Cañas - Devolve, moço

Desventuras de frente para o mar

A vida bem que podia ter ctrl z
ctrl del
ctrl y
ctrl x
ctrl r
Mas a vida parece que só tem mesmo
ctrl c e ctrl v

Ainda bem que a vida não é um sistema
operacional
ou um programa,
não podemos retocar nossos dias
Ainda bem que a vida é toque e cheiro
Minha vida são doces abraços,
é pisar na areia branca da praia,

é mergulhar nas águas verdes-azuis,
sentir o vento nos cabelos

E essas sensações nenhum programa
é capaz de reproduzir

Eu só queria mesmo o ctrl z


Ps: Pessoal que gentilmente me selou, mais tarde (leia-se outro dia), quando estiver com um pouquinho mais de tempo, agradecerei de forma decente e cumprirei o ritual de repassá-los.
Não pensem que não dei importância para os selos, é pura falta de tempo mesmo. Por hora deixo só o meu muito obrigada.
Bjs!
Hoje eu vou estar inteiramente
à sua disposição
equilibrando os sentimentos
para que quando você chegar
só encontre o que é verdadeiro e bom

E eu que nem pensava mais em te querer
descobri que sem você
não sou mais nada
e que você ainda pensa em mim
da forma que eu sempre quis
(que alguém pensasse)

Mas, esqueçamos o passado
aqueles tempos já se foram
agora tudo o que está acontecendo será novo
Chega de olhar pra trás!

Nosso caminho foi traçado
por nós mesmos, aqui.

- escrito em 30/10/02

A vírgula muda tudo!

Ela pode ser uma pausa... ou não.
Não, espere.
Não espere.

Pode sumir com seu dinheiro.
23,4.
2,34.

Pode ser autoritária.
Aceito, obrigado.
Aceito obrigado.

Pode criar heróis.
Isso só, ele resolve.
Isso só ele resolve.

E vilões.
Esse, juiz, é corrupto.
Esse juiz é corrupto.

Ela pode ser a solução.
Vamos perder, nada foi resolvido.
Vamos perder nada, foi resolvido.

A vírgula muda uma opinião.
Não queremos saber.
Não, queremos saber.

Uma vírgula muda tudo.

Texto do C.A.T

Não acredite em algo simplesmente porque ouviu.

Não acredite em algo simplesmente porque todos falam a respeito.

Não acredite em algo simplesmente porque está escrito em seus livros religiosos.

Não acredite em algo só porque seus professores e mestres dizem que é verdade.

Não acredite em tradições só porque foram passadas de geração em geração.

Mas depois de muita análise e observação, se você vê que algo concorda com a razão, e que conduz ao bem e beneficio de todos, aceite-o e viva-o.


Me disseram que é um ensinamento budista, não sei se é mesmo. Achei legal colocar aqui.