Os livros na estante

Dizem que os brasileiros lêem pouco. Saiu uma pesquisa há um tempo que dizia que a média é de 4,7 livros por ano, o que dá praticamente 5. Claro que é uma pesquisa por amostragem e tal e que isso significa que alguns lêem muito e outros tantos não lêem nada.
Naquela velha história de promessas para o ano novo, eu me comprometi a ler 12 livros em 2010, um pra cada mês. A idéia não é passar exatamente um mês lendo cada livro, só pra ficar bem claro. Tanto é que terminei de ler o primeiro escolhido, Os crimes de Napoleão, em meados de janeiro e daí emendei logo no livro "de fevereiro", Eu não sou cachorro, não - Música popular cafona e Ditadura Militar.
Os dois primeiros escolhidos estão relacionados à História. Os Crimes de Napoleão, de Claude Ribbe, fala sobre o relacionamento de Napoleão com a escravidão nas colônias francesas. Eu não sou cachorro, não, de Paulo César de Araújo, como o próprio sub-título já deixa claro, é sobre como os artistas da brega music se relacionavam com a Ditadura Militar e vice-versa.
No decorrer da minha tarefa literária, pretendo ler O filho do pescador, de Teixeira e Souza porque eu devia me envergonhar de nunca ter lido! Pra quem não sabe, O filho do pescador inaugurou o Romantismo no Brasil, sendo o primeiro romance escrito nas terras tupiniquins. Eu já devia ter lido porque o autor, Teixeira e Souza, é meu conterraneo (viu? Cabo Frio não é só praia, sol e sal...) eu acho MESMO que a gente tem que conhecer a história do lugar onde mora, do mundo, do país, do estado, da cidade, da família (a gente mora na família? rs). Não tem conhecimentos gerais? Toda pessoa que se preza tem que ter conhecimentos locais também. Gosto de ler. Leio mais que a maioria das pessoas que conheço, mas no ano passado só li uns 5 ou 6 livros, o que é pouco se considerar que às vezes leio mais de um livro ao mesmo tempo. Essa é uma tentativa de reverter o placar.

Mudando de assunto sem mudar de assunto, outro dia estava lendo a coluna da Fernanda Torres na Vejinha (xiiii... citei a Veja, tem gente que parou de ler aqui por causa disso) e ela falava sobre sua relação com os livros. Quando criança não era muito chegada. Tudo porque nos tempos de escola as professoras ofereciam leituras tão desinteressantes que ela, criança, passou a acreditar no clichê de que ler é chato. Tempos depois encontrou um livro mais adequado aos interesses da sua idade e a leitura passou a ser um hábito constante e prazeroso.
Na hora eu disse pra mim mesma: Porra! Eu sempre pensei igual a ela! Penso de acordo com o meu projeto pedagógico a teoria de que usar Catherine Millet e outros autores de literaputa nas aulas de Literatura faria os adolescentes e pré-adolescentes se interessarem muito mais pela leitura. Por que? Simples: porque sexo é um assunto que desperta o interesse. Mas os professores acham mais bacana, acham que os alunos vão se interessar mais, se eles levarem Machado de Assis, com seu atravancado Dom Casmurro, ou histórias tristes de bicho que morreu, mulher oprimida pelo marido, criança chorona, etc.
Não quero passar a impressão de que sou contra o uso dos clássicos em sala de aula. Só acho que se a escola é um dos responsáveis pela formação do leitor, ela tem que oferecer assuntos de interesse dele, ou pelo menos usar a linguagem que ele fala.
Eu não acredito nessa historinha de "eu não gosto de ler". Pra mim não existe pessoa que não goste de ler, existem pessoas que não se interessam por determinados assuntos ou pela forma que eles são expostos (posts prolixos como os meus, por exemplo, podem ser muito chatos). Ler é pura e simplesmente decifrar códigos, você faz automaticamente. Quando você vê um cartaz, automaticamente lê o que está escrito, gostando ou não, o que te faz se aprofundar na leitura é o interesse ou a obrigação. Interesse pelo tema, pelo autor, por impressionar alguém talvez. O prazer de ler não está na leitura, mas no que se está lendo. Fico besta de ver como os "profissionais da educação" não se ligam nisso!
Ok, ok, eu me rendo, sei muito bem que por causa de certos pais e por causa dos diversos tabus e pudores da nossa sociedade não dá para a escola aproveitar tanto os hormônios em ebulição pra formar novos leitores. Mas não poder usar nem um pouquinho de sacanagem em sala de aula é muita sacanagem! E nem se trata de sexo, grande parte dos professores não sabe nem quem é a Thalita Rebolças (tudo bem não saber se você não leciona para crianças e adolescentes), é falta de vontade mesmo.

E se você é uma dessas pessoas que acha que livros são chatos, é bem provavel que esteja enganado. Apenas falta encontrar o livro certo.
Então isso é o que desejo em 2010: leitura, bastante leitura.

Ouvindo: Emily Loizeau - Je souis jalouse

Silvana Persan

Some say he’s half man half fish, others say he’s more of a seventy/thirty split. Either way he’s a fishy bastard.

7 comentários:

  1. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

    ResponderExcluir
  2. Oba! Um dos meus blogs favoritos voltou a ativa !!! =D ja posso cadastrá-lo no google reader!!!

    ;D

    Bom, eu acho que com a internet, as pessoas lêem muito! Porcaria, mas é ler bastante, as pessoas passaram a escrever mais !!! Assasinando o português... mas esrevem.

    De fato, os professores tornam o ato de ler doloroso, o que deveria ser um prazer, ainda bem que não temos aulas de sexologia!!!! kkk

    =D minha meta neste ano é terminar pelo menos um dos livros que eu pego pra ler, uma vez que passo para outro sem muito motivo.

    ;D fui ! ui ui ui bjo cambio e desligo.

    ResponderExcluir
  3. Acho que escrevi assassinar errado lololololo

    ResponderExcluir
  4. Sempre gostei de ler, meu pai sempre me incentivou e a escola na qual estudei tinha uma boa base nesse sentido, dando livros do interesse do aluno. Dei sorte nesse sentido. Só uma vez, no primeiro ano do ensino médio, tivemos que ler Os Lusíadas, com 15 anos aquilo foi morte pra mim. Mas no geral, sempre me foram indicadas boas leituras. Aliás, não sei se faz o seu estilo, mas indicarei um livro para você ler neste ano: 1984 - George Orwell (se é que já não leu xD)

    ResponderExcluir
  5. Bom, você citou a VEJA, mas eu continuei lendo seu texto de cabo a rabo! rs Xiita, eu? Nada!

    Cheguei aqui por indicação do chefe Rubens Sunshine. E ele sabe o que diz quando indica um bom blog.

    Bom, sobre leitura e hábito de leitura, isso já foi até tema de post em meu (tosco) blog - não mande um monstro puxar o meu pé de madrugada...o governo já pega demais no meu pé (e no bolso) com esses impostos todos.

    E concordo quando fala da escola e dos meus colegas professores - sim, eu sou um professor. Não me chame de coitado, ainda. rs Mas é algo que eu sempre questionei com alguns colegas de Letras. Durante o curso, na formação do professor, há uma postura bem tradicional (ainda) de se encarar a literatura. É o estudo de métricas, rimas, estilos, escolas literárias e outros elementos da teoria literária. Que é importante, claro, mas o problema é que fica justamente apenas nisso. A leitura dos futuros professores é "forçada". Forçada para os seminários e apresentações diversas. Há professores/formadores que ainda utilizam técnicas interessantes que incentivam a leitura, como saraus, literatura "marginal" ( a literatura feita por "gente como a gente" e sem rodeios e floreios), oficinas de redação ( sim, a redação pode ser divertida) e algumas outras.

    Então o professor, formado, apenas repete as mesmas fórmulas. Não apenas por sua formação tradicional, mas por uma série de fatores da escola e educação. Só pra citar um exemplo: um colega professor quis dar uma de "Robin Williams" do "Sociedade dos Poetas Mortos" em um colégio particular. Foi chamado a atenção pela coordenadora pedagógica ( vestibular vestibular vestibular) e pelos pais de alguns alunos, que se queixaram com a direção da escola alegando que os filhos estavam...perdendo tempo escrevendo bobagens e que eles tinham era que "estudar".

    É um ciclo de condicionamento que é difícil de ser quebrado, mas tem coisa boa acontecendo por aí. Blogs, por exemplo. Professores que usam séries baseadas em clássicos literários para confrontar a produção televisiva com o texto escrito na obra. Isso dá certo, tanto que vi uma turma inteira procurar a biblioteca atrás de "Os Maias" de Eça de Queirós por livre e espontânea vontade.

    E chega. Escrevi demais. Exagerei. Deve ser efeito de um monte de leituras que tive nessas férias...rs.

    Bem, um abraço e desculpe o abuso.

    ResponderExcluir
  6. Cara, essa foi a melhor parte!
    "Mas não poder usar nem um pouquinho de sacanagem em sala de aula é muita sacanagem!"

    uhauahuahuah.... apioada! e parabéns pros livros de putaria!! \o/

    e pros gibis tbm... eu tomei gosto pela leitura com gibis, tá?

    Bjuuuuuuuu

    ResponderExcluir
  7. E a revista veja é um saco, amiguinha, um saco!

    ResponderExcluir

Aqui você fala sobre o que bem entender, mas eu vou achar mais legal se você falar sobre o assunto do post. E se você vier só pra fazer propaganda, mando um monstro puxar seu pé de madrugada!