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A oração de Janis Joplin


Na tiração de sarro, por volta de 1970, Janis Joplin compôs Mercedes Benz com outros dois caras. Mesmo após 40 anos, sua letra continua atual. Pra quem não conhece (se é que existe tal pessoa), a música é uma espécie de oração, na qual se pede de uma Mercedes até uma rodada de bebidas, passando por uma TV a cores. Janis estava satirizando o que as pessoas colocam como prioridade.
Eu não acredito no poder da oração, mas acredito em pessoas. E por acreditar em gente de carne e osso (e independente de não crer em misticismos), tenho lá minhas dúvidas com relação ao naipe do ser humano que pede frivolidades para quem quer que seja quando acredita que seus pedidos podem ser atendidos. 
Então a vizinha está rezando para conseguir uma “boa empregada doméstica” (leia-se alguém que tope voltar aos tempos da escravidão). Numa igreja por onde passo a caminho do trabalho, há uma faixa na porta com o convite para a “corrente da derrota dos inimigos”. Lideranças católicas e pentecostais se unem contra os direitos de pessoas que sentem atração por outras do mesmo sexo. Na TV um pastor sugere que os fiéis participem de uma campanha para “prosperidade financeira”. Instituições religiosas arrecadam verba para enviar bíblias a países onde grande parte da população morre de fome. Igrejas evangélicas desrespeitam leis trabalhistas. Igreja Católica luta para doutrinar crianças na escola pública. Igrejas são contra a adoção de crianças por casais homossexuais. Pastor cria dízimo por débito automático. Religiosos se unem para proibir projeto de cinema itinerante em escolas no Acre. Igrejas protestam contra distribuição gratuita de camisinhas. Igrejas são contra o direito de um casal decidir quando e se querem ter um filho. Igrejas pouco fazem para evitar e punir casos de pedofilia, estupro e outros abusos sexuais dentro de seus domínios. Deputados evangélicos declaram abertamente que chantagearam a presidenta e fingirão que não estão vendo certas irregularidades para que a mesma cedesse a um desejo deles. Os grandes pensadores do cristianismo eram contra o meu direito de pensar. Até hoje instituições religiosas promovem fogueiras de livros seculares. 
Qual a prioridade dessa gente? Não parece ser amar o próximo, não me parece ser algo além do individual, não me parece ter a ver com respeito com os demais.




Nossa Senhora do Tablet com Android, rogai por nós!


Considerações sobre o estupro


Um dos assuntos que mais tenho visto em pauta é o estupro, ou talvez o que tenha despertado minha atenção seja a repetição com tanta frequência. Dos últimos, o mais bizarro e ultrajante envolve uma decisão da justiça de Portugal, que absolveu um psiquiatra acusado de abusar sexualmente de uma paciente - grávida com depressão - alegando que ele não tinha sido violento o bastante. Isso mesmo que você leu, se tivesse deixado escoriações, hematomas ou fraturas, talvez fosse condenado. Foi absolvido por “pegar leve”.
Se bem que eu não sei se esse foi o caso mais repugnante dos últimos meses, já que não faz muito tempo, nos E.U.A uma adolescente teve que pedir desculpas (!) por ter sido estuprada por um membro da mesma igreja que frequenta(va). Invés do apoio da comunidade religiosa, ela foi obrigada a pedir desculpas à congregação por ter provocado tais desejos no estuprador! Dá pra dizer que foi estuprada duas vezes, fisicamente pelo criminoso e moralmente pela criminosa igreja.
No Canadá um policial declarou que as mulheres são estupradas porque se vestem como putas (e isso gerou um movimento que depois que perdeu a ironia se tornou estúpido que se espalha pelo mundo chamado slut walk). Não duvido nada que muita gente por aí partilhe do mesmo pensamento e não seria difícil encontrar essa linha de raciocínio entre nossos “homens da lei”. Nesse caso, alguns poderiam dizer que “todo cuidado é pouco”, mas criar um padrão de estuprável é tão asqueroso! É como dizer que quem não quer ter o carro roubado não deve andar de carro! Não, filho, a culpa não é do jeito que a mulher estiver vestida (por mais vulgar que te pareça), a roupa não dá a ninguém acesso livre ao corpo alheio na base da força (violação).
Quando fui procurar os links das notícias para essa postagem, me impressionou a quantidade de sites pornôs que surgiram na busca. A categoria rape existe em diversos sites dedicados à pornografia. Um fetiche sádico. Há um incontável número de pessoas que se excitam ao ver um estupro e porque o sexo, em pleno 2011, ainda é visto como tabu pela sociedade, pouca gente conversa sobre isso. Podem achar que sou conservadora demais, mas fazendo uma ligação entre as diversas “piadas” (contadas desde sempre) com o tema, o fato de sermos criados ouvindo coisas como dizer-não-é-dizer-sim (atire a primeira pedra quem nunca escutou alguém dizer que fulana diz que não, mas quer, só tá fazendo doce), o conservadorismo machista que ainda impõe que homem tem que provar sua virilidade, o culto à mulher objeto e os tabus religiosos, não sei se chegaríamos a outro resultado (sem contar com a crença que muitos tem de que o desejo sexual do homem é maior que o da mulher).
Esse é o crime com o maior aumento de ocorrências nos E.U.A. A cada duas horas um caso de estupro é registrado no estado do Rio. No interior de São Paulo os crimes de estupro aumentaram 17%, na Bahia o aumento foi de 36%. Experimenta colocar estupro na busca de notícias do Google nas últimas 24 horas. O número de reportagens para um único dia é espantoso.
O estupro por si só já é um crime repugnante. E como se isso não bastasse, é comum que ele venha com um acompanhamento que consegue o transformar em algo ainda mais doloroso: em muitos casos se coloca a culpa na vítima (o que não ocorre se a acusação de estupro tiver fins políticos).
Mas o pior nisso tudo é que o crime é tão comum que nesses poucos minutos que você perdeu lendo esse texto, várias mulheres foram ou estão sendo estupradas. Grande parte dos criminosos ficará impune.


Ouvindo: R.E.M. - At most beautiful


P.s.: E tinha me esquecido do horrendo estupro "corretivo".

Seja feita a vossa vontade


Votei pela primeira vez em 2002. Em 2005, minha terceira ida às urnas não foi para escolher legisladores, mas para decidir sobre algo que os mesmos não tiveram coragem suficiente para votar: a proibição da venda de armas de fogo no Brasil.
Na ocasião, depois de diversos debates, após conhecer os argumentos de quem era contra e de quem era a favor e várias discussões em mesas de bar e em almoços de domingo com a família, a sociedade brasileira decidiu que a venda de armas não fosse proibida e que maior rigor nas regras para porte/compra bastavam.
Na minha opinião e análise simplista, quem compra uma arma pretende atirar (em alguém) e quem atira ou é polícia ou é bandido. Não vejo meio termo, é simples: se você não é bandido nem polícia, nem mora no Pantanal e tem que se proteger da Juma, não deve ter uma arma. Por isso, e por outros motivos e estatísticas que não preciso colocar aqui, em 2005 votei pela proibição das armas. Vindo de alguém que cresceu com O menino do dedo verde na estante (não, o livro não é sobre dorgas), essa opinião não deve surpreender.
Após a tragédia na escola em Realengo, minha timeline se inundou de gente fazendo a mesma pergunta: estão lembrados dos argumentos do “Não” no plebiscito do desarmamento? E assim, movido pela comoção nacional, o assunto voltou à tona.
Só tem um porém: quem defende que haja um novo plebiscito são as pessoas que votaram “a favor das armas” e se arrependeram ou quem perdeu e quer aproveitar um momento oportuno para tentar outra vez? Se foi dada à população o poder de decisão direta, o voto da maioria deve ser respeitado. É o que entendo por democracia. Digo isso porque se eu fizesse (e se num futuro referendo sobre outros temas eu fizer) parte da maioria, gostaria que meu voto valesse alguma coisa. Do contrário, a realização de referendos só serve para gastar dinheiro público e colocar alguns nomes políticos muitas vezes nada nobres em evidência.
Resumindo: Sou contra a venda de armas por n motivos e sou contra que o “cidadão comum” tenha direito ao porte, mas também sou contra que uma decisão popular tão recente seja tratada como algo sem valor.
Plebiscito não é A Lagoa Azul, não é para ser repetido a toda hora. Se o povo assim decidiu, que seja feita a sua vontade.


Ouvindo:
Letuce - Tuna fish


Atualização (03:40 am)

Do querido e insone Matheus Vasconcelos, por e-mail: "O que tivemos em 2005 foi um referendo. Plebiscito ocorre quando a população é convocada para decidir algo, antes da decisão do governo. No referendo, a população é convocada para decidir se concorda ou não com uma decisão já tomada".

Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta

Depois de três carros incendiados ontem, os boatos (de acordo com a PM, apenas boatos) circulam com a rapidez de Bolt e a cada sirene o coração dispara, diz para e continua a bater forte porque sabe que isso não vai parar, que a ação da polícia (embora tardia, embora cheia de falhas, embora cheia de “emboras”) não pode parar.
Saí do trabalho e parecia que tinha entrado num filme. O comércio do centro da cidade quase completamente fechado, apenas alguns poucos estabelecimentos continuaram funcionando em horário normal. Das poucas pessoas que estavam nas ruas, a maioria estava com celular nas mãos, ligando para alguém ou esperando receber alguma notícia. A tensão estava lá, estampada na cara de todo mundo, e ainda está aqui (e com tantas outras pessoas). O que mais se via eram policiais. Polícia pra tudo que é canto, alguns com fuzil em punho, o que fez a tensão (essa entidade que se fez onipresente) se tornar ainda maior. Se alguém me contasse, eu não acreditaria.
Creio que os eventos de 2014 e 2016 estejam contribuindo para que o combate à criminalidade se intensifique no Estado da Guanabara, e na minha opinião esse é um dos pouquíssimos pontos positivos de sediar Copa e Olimpíadas. Mas enquanto esse combate não for pleno, enquanto não houver uma política de segurança pública que feche o cerco sem deixar espaço para que os bandidos migrem de uma área para outra, isso não terá fim. E, diga-se de passagem, estas áreas são as mesmas onde os governantes só pisam na hora de buscar votos e é justamente por isso (ausência do governo) que são usadas pelo tráfico, que decide até cor e marca das roupas dos moradores (sim, pasme!).
Concordo que as Forças Armadas não estão preparadas para entrar nessa guerra, mas a pergunta que fica é: algum dia estarão? Digo isso porque esse conflito não começou ontem, se arrasta por décadas! E durante todos esses anos as forças armadas não fazem parte dos planos políticos para lutar a guerrilha que temos aqui, quer seja na linha de tiro propriamente dita, quer seja na logística, quer seja na fiscalização de portos e fronteiras (ao meu ver, a raiz desse mal). O que vemos é o contrário: bandidos usam armamento que deveria ser exclusividade do Exército e bandidos que anexam (não por mera simpatia) a sigla PQD ao nome. Quando as Forças Armadas serão usadas para nos defender e não para nos atacar? Não estavam preparadas para nos defender ontem, não estão hoje e não estarão depois de amanhã.
Voltando à tarde de hoje, Capitão Nascimento e Jack Bauer só existem na ficção e eu não tinha entrado num filme, era real.
Estou em Cabo Frio, cidade do interior, e hoje senti medo. E não foi de barata. Agora há pouco, mais um carro foi queimado na periferia da cidade... E a vida continua como der.

Ouvindo:
Felix Mendelssohn - Seis: Canções sem palavras

Pois é...

Ouvi um "Até que enfim!". Veio de uma senhora com um crucifixo no pescoço que estava indo para o ponto de ônibus, mostrando que estava aliviada com a chegada de uma viatura da Guarda Municipal. De dentro dela saíram dois guardas, já com cacetetes em punho. Esboçando um sorriso feliz, ele continuava imóvel. Dormia na calçada como se fosse um príncipe. Ao seu lado havia uma garrafa de alguma cachaça barata que, provavelmente, horas antes bebera como se fosse a última. Alguém, usando o mesmo verbo que se usa para retirar um saco de lixo, gritou para que os guardas recolhessem logo o dito cujo, que dormia junto ao muro. Acordou um tanto desnorteado. O calor e os raios do sol que batiam em seu rosto não foram suficientes para que despertasse, mas os tapas de um dos guardas, sim.
Manhã típica. Tomava meu café da manhã na padaria, na companhia Dona Célia, uma senhora por volta dos 60 anos que costuma fazer seu desjejum com o marido no estabelecimento do simpático Seu Luís, vulgo Portuga. Conheci Dona Célia ali mesmo, meses antes, num dia em que ela e o esposo chegaram à padaria antes de mim e compraram o último exemplar do jornal que costumo ler. Me aproximei da mesa deles e perguntei se poderia olhar o caderno de informática. Me convidaram para sentar, acabei fazendo uma leitura dinâmica praticamente do jornal inteiro enquanto comentava com o simpático casal as manchetes do dia, num papo bem agradável para uma manhã de segunda. A partir desse dia, passei a tomar meu café na companhia deles quase que diariamente.
Como vinha dizendo, na mesa da padaria eu tomava um suco de laranja com pão de queijo na companhia de Dona Célia, enquanto passava o olho sobre as manchetes que o jornal daquele dia estampava. O dono da padaria e um de seus funcionários foram até a porta para observar mais de perto, como se o vidro blindado não oferecesse visão panorâmica para a ação dos guardas de qualquer ponto de dentro do comércio. Ouço frases lacônicas vindas da mesa ao lado, onde estava um cara de aproximadamente 45 anos, que, olhando por baixo dos óculos, deixava claro seu contentamento por não ter que passar por aquele homem quando saísse.
Dona Célia começou a falar do que ela chama de apartheid social, da luta de classes, da má distribuição de renda e pôs no capitalismo a culpa pela situação lastimável de tantos filhos da pátria que, assim como o mendigo na calçada, por terem nascido pretos ou quase pretos, não costumam ser acolhidos com amor materno por sua mãe gentil, já que esta só trata com amor materno a pequena parcela que conseguiu ser aprovada pelo regime de cotas para filhos. Disse ainda que a sociedade, movida pelo preconceito, marginaliza e condena uma parcela da população que não tem acesso ao que os mais ricos consideram padrão de cultura e que a classe média aceita tudo o que a "elite" decreta. Para terminar, antes de levantar disse que achava a ação dos guardas um absurdo, uma afronta ao direito de ir e vir e que o mendigo era uma vítima do preconceito da sociedade.
Não respondi, só escutei tudo o que ela disse.
Dona Célia teve que ir, estava na hora de dar aula. Pude ver antes dela atravessar a rua que ao passar perto do mendigo combalido que ainda estava sendo retirado pelos guardas, abraçou a bolsa com força.
Pois é.


Ouvindo:
Kassim + 2 - Homem ao mar

A fábrica das próximas gerações


Já faz um tempo, numa madrugada da vida, liguei a TV e o Otto estava sendo "entrevistado" pelo Jô Soares. Otto é um cara meio doidão mas é inteligentíssimo, gosto das músicas dele, dessa coisa meio agreste indie e acho suas entrevistas sempre muito interessantes. Tinha tudo pra dormir feliz após assistir, só que o Programa do Jô não é exatamente um programa de entrevistas... é um programa de conversas. E o Jô Soares é meio metidão. Pausa. Deixe que eu explique porque penso isso.
Sabe o tipo de pessoa que gosta de exibir seus conhecimentos? O Jô me parece ser exatamente assim. Pelo menos, desde criança, tenho a certeza impressão de que ele gosta de mostrar ao convidado o quanto ele domina determinado assunto e isso, muitas às vezes, faz o que poderia ser uma entrevista monumental se tornar um desperdício de tempo e espaço na mídia. Não duvido que ele seja uma das pessoas mais inteligentes da TV brasileira, mas imagina que você é convidado pra divulgar um livro que está lançando e o cara que te entrevista, invés de demonstrar interesse pelo seu ponto de vista sobre o assunto abordado no livro, começa um monólogo expondo o quanto sabe sobre o que o Conde Dietrich pensava das queimadas nos Alpes Suíços e sua relação com a extinção dos unos e quando termina de falar te sobram 2 minutos (tempo suficiente apenas para repetir o nome do livro, a editora e afins) e acabou. Claro que de qualquer forma você ganha uma divulgação monstro pro seu trabalho, porque aparece na Globo, num programa da categoria dos formadores de opinião, mas mesmo assim não me parece muito legal. Mas, isso não interessa tanto, voltemos ao Otto.
Na conversa, ele questionava sobre a educação que um policial corrupto dá aos seus filhos, mas o Jô não estava muito interessado em falar sobre isso, queria que ele falasse sobre a Alessandra Negrini. Me lembrei dessa entrevista na semana passada. Tava no ônibus, indo pro trabalho, acabei ouvindo a conversa de dois meninos que estavam na poltrona de trás:

- Ontem eu achei um celular e devolvi. Mas avisei lá: da próxima vez que eu achar, vou quebrar!
- Porque não pegou pra você?
- Meu pai vai me dar um novo. Se ele não me der, eu arranho o carro dele.

Também no mesmo ônibus, duas mulheres de aproximadamente 40 anos reclamavam dos estudantes (que por lei viajam sem pagar passagem) sentados enquanto havia pagantes em pé. Reclamação justa. Mas nos horários em que não há estudantes e o ônibus está cheio, essas mesmas pessoas não levantam para ceder seus lugares para idosos, grávidas, deficientes ou pessoas com bebês no colo. Adivinha o que elas são? Mães e pais de estudantes que não levantam. Os estudantes, muitas vezes, tomam seus pais como exemplo.
Aí se encaixa a observação feita pelo Otto. O que será das próximas gerações com atores tão ruins no papel de pais? Que tipo de valores essas pessoas tem capacidade de passar para seus filhos? As pessoas querem ter filhos mas não querem a responsabilidade de educar, acham que podem passar essa bola para a escola, para a igreja, para a televisão, para o governo... E o pior é que isso é um ciclo vicioso, acho que a tendencia é piorar porque esses filhos mal educados (no sentido literal da expressão) vão ter filhos que serão ainda piores.

Tem gente que devia ser proibida de ter filhos.


Ouvindo: Ximena Sariñana - Mediocre


Porquices

Eu não sou muito de odiar, mas odeio gente porca. Mais que vigaristas de toda espécie, o porco me incomoda deveras. Isso porque, como disse no blog Canal Cereja, a porcaria não é uma coisa que se restrinja ao porco, ela interfere na vida de outras pessoas, inclusive as que prezam por um mínimo de higiene. Já disse também que penso que tem gente que é tão suja por dentro que isso acaba se refletindo do lado de fora, em outras esferas da sua vida. Sim, não é impressão sua, eu tenho uma pequena mania de limpeza. Isso é um defeito (né, Freud?), mas é melhor que ter mania de sujeira.
Sou totalmente a favor de multa pra quem joga lixo no chão, o que já acontece em algumas cidades de países europeus, aplaudo de pé o decreto do prefeito do Rio, Eduardo Paes, que manda prender os mijões de rua (acho ainda que deviam ser multados). Dizem que educação se traz de casa, mas quando isso não é uma realidade acho corretíssimo que o governo tome medidas punitivas. Claro que também tem que ter lixeiras decentes nas ruas, banheiros químicos, etc. Mas até quando o governo providencia tais instrumentos, vejo muita gente que, mesmo estando há poucos metros de uma lixeira, não se dá o "enorme" trabalho de jogar o lixo onde se deve.
Na praia então, isso se agrava monstruosamente. Cara, se você for na praia e pretende consumir algo por lá, leva uma sacolinha pra colocar o seu lixo! Andando poucos metros pela areia se encontra desde cascas de côco, palitos de picolé, latinhas de refrigerante e cerveja, pacotes de biscoito, copinhos de plástico, escatologias diversas e algumas coisas indefiníveis. Tudo largado na areia, quando não preferem enterrar. E o pior é que não é só aqui que isso acontece, em tudo que é canto tem pessoas sem a consciência de que são responsáveis pelo lixo que produzem.
Foi então que, ainda agora, num papo no MSN com o ilustríssimo Vinícius Belshoff, um grande filósofo dos nossos tempos (cof), que conheci a Teoria da Bunda. Disse ele: "aqui em casa a gente segue a teoria da bunda. Até um determinado momento da sua vida alguém cuida da sua bunda pra você, depois quem tem que limpar é você mesmo, a não ser que pague alguém pra isso. É regra de vida".
Tá certíssimo. E acredito que chamar essa gente de porca deve ofender os pobres bichinhos.

Ouvindo: Regina Spektor - Back of a truck

Amor urgente

Passo pela banca de jornal e uma manchete bizarra salta aos meus olhos (outro dia falo sobre ela). Não resisto e compro o jornal de R$0,50 para rir um pouco com os trocadilhos infâmes da "matéria". No meio do jornal, outra coisa me chama atenção: Pai McGayver (nome obviamente alterado para evitar novos processos).
Pai McGayver é um pai de santo e sua propaganda afirma: "não gosto de mentiras, muito menos pilantragem (...) meu trabalho é sério (...) só faço o trabalho se realmente tiver jeito". Desconsidere Preste atenção no "se realmente tiver jeito" porque a anúncio segue: "Pai McGayver afirma e dá garantia: trago a pessoa de qualquer parte do mundo em 5 horas".
Rá! Se você é um dos picaretas que prometiam trazer a pessoa "amada" em 7, 5 ou 3 dias, só uma coisa a dizer: Perdeu, playboy! Pai McGayver é muito mais eficiente! Aliás, ele conta com outros dispositivos para "amarração", contando com uma linha de produtos que inclui baby dolls, calcinhas e cuecas consagradas, bombons e líquidos (líquidos???). "Tudo para manter quem você ama debaixo dos seus pés".
Antigamente a promessa era trazer o seu amor de volta em 7 dias, depois baixou para 5 dias, caiu para 3 e agora, finalmente, são apenas 5 horas. É o avanço da tecnologia: há alguns séculos a pessoa era trazida pelo caixeiro viajante (levava 7 dias para chegar), depois passou a vir pelo correio (5 dias), daí inventaram o Sedex (no máximo 3 dias) e agora que estamos na era da Internet, a pessoa "amada" volta em 5 horas, que é o tempo necessário para fazer o download de um pacote dessa importância.
Muita gente paga por esses serviços, então se você tem espírito empreendedor não perca tempo, invista com tudo no Macumba On-line. É o empreendimento do futuro. A Anatel já anunciou que a partir de 2010 a velocidade da Internet em todo o território nacional será equevalente à de países de primeiro mundo. Dessa forma a pessoa amada voltará em apenas 5 minutos. (Pra onde vai o charme da conquista? Não sei.)
Independente de eu não acreditar que essas coisas funcionem, tenho um certo medo dessa gente que de tão carente, se fosse possível, seria capaz de "escravizar" alguém só pra não ficar sem companhia. Pra mim isso é doença e se você, querido estranho, pagaria, está pagando ou já pagou por isso, desculpe minha sinceridade, mas acho mesmo que você deveria usar esse dinheiro pra pagar um psiquiatra. Infelizmente não daria pra você comprar amor próprio também, já que este não consta nas prateleiras.

Quanto a mim, continuo querendo a sorte de amores tranquilos.


Ouvindo: BB Brunes - Dis moi

Panorama animador


Mariazinha, que mora numa cidade muito longe daqui, ficou preocupada porque não sabia mais se devia temer os bandidos e ser protegida pela polícia ou se era para não saber quem é quem, já que o noticiário policial da última semana tinha siso uma seqüência da série “se correr o bicho pega e se ficar o bicho come”:

Policial que estava de folga foi à praia armado (no sentido literal da coisa, gente inocente), na saída reagiu a um assalto e acabou atigindo acidentalmente um aposentado que jogava baralho no calçadão.

Cabine da polícia é assaltada (ironia das ironias?). O suspeito do roubo é um ex-policial.

Soldado da Aeronáutica é preso acusado de ser assaltante.

Bandidos atingem helicóptero da polícia usando armamento de uso exclusivo do Exército. Secretário de Segurança diz que o serviço de inteligencia havia previsto que isso aconteceria.

Em São Paulo, policiais militares atiram em policial civil.



Vendo que a coisa estava difícil, Mariazinha resolveu que o melhor a fazer era rezar. Procurou a igreja mais próxima, mas logo procurou outra porque a promessa divina nesta era de magrecer cinco quilos a cada oração. Foi aí que entrou numa missa presidida por dois padres, um suspeito de pedofilia e outro acusado de atropelar um jovem após dirigir embriagado. Não se sentiu muito confortável e acabou parando numa igreja que prometia a solução para todos os problemas, inclusive o do violência urbana, bastava apenas que ela aceitasse Jesus, se tornasse uma dizimista fiel e desse uma contribuição voluntária para uma campanha, que poderia ser parcelada em até 10 vezes no cartão.


Achou melhor voltar pra casa e teve um certo medo no caminho quando soube que tinha pego uma van ilegal e que o cara que dirigia sequer tinha carteira de motorista. Ela não quis ir de carro porque está cada vez mais difícil encontrar um lugar pra estacionar e não foi de ônibus porque parece estar na moda atear fogo nesse tipo de transporte coletivo.


Chegando ao lar, pensou em escrever uma carta exigindo dos políticos uma medida efetiva contra a criminalidade. Desanimou ao olhar para o jornal que estava em cima da mesa e ler que seu deputado era acusado de nepotismo, sonegação de impostos, evasão de divisas, entre outros crimes.


Ligou a tv e por mais que mudasse de canal só achava programas catadores de tragédia e fofoca sobre pseudocelebridades . Mariazinha achou melhor desligar a televisão ao ver que as matérias produzidas pela repórter Kelly Key (pra que diploma, não é mesmo?), sob a orientação do diretor Alexandre Frota, eram o principal chamariz de toda a programação.


Decidiu que o melhor mesmo era criar um clima de romance e pra isso nada melhor que um vinhozinho e filme. Abriu a revista para ver qual era a melhor opção em cartaz nos cinemas, foi até seu computador com Windows pirata e fez o download ilegal do blockbuster. Aproveitou que seu marido tinha saído para trabalhar e chamou Zé Martelão, com quem trai o esposo há 3 anos.
Depois de tórridas horas de sexo com seu amante, finalmente Mariazinha dormiu o sono dos justos.



Ouvindo: Lulu Santos: Esse brilho em seu olhar

Homem ao mar? Não, Cristo ao mar!

Meus queridos, há pouco tempo uma notícia que eu acharia cômica se não fosse trágica chegou aos meus ouvidos. A Secretaria de Turismo desse meu pequeno cantinho provinciano anunciou uma bizarrice: Cristo no mar! Do que se trata? Vão gastar 400 mil (não informaram se o valor está em reais ou em euros, como aqui tudo é superfaturado não duvido nada que seja a segunda opção) para colocar uma imagem de Gezuis (não o Jesus Luz, mas o Jesus de Nazaré mesmo) no fundo do mar! Como na capital temos o Cristo Redentor, aqui teremos o Cristo Mergulhador.
A brilhante idéia é uma parceria com o governo de Gênova, na Itália, onde já existe a tal imagem há anos. Com a iniciativa, Cabo Frio não quer mostrar, através de uma metáfora, que o cristianismo já afundou e o povo ainda não percebeu pretende entrar no lucrativo rol do turismo religioso, atraindo toda a sorte de romeiros, pagadores de promessas e curiosos para o fundo do mar da cidade. Aos que tem espírito empreendedor, fica minha sugestão: inventem a vela à prova d'água, o lucro será certo.
A imagem, além de seu conteúdo supostamente turístico, também pretende prestar uma homenagem às vitimas de naufrágios e outros tipos de morte por afogamento. Às futuras vitimas fica o "conforto" de saber que sem dúvida nenhuma encontrarão Jesus ao se afogarem nos mares cabofrienses.
O interessante é que quando vi a foto da imagem italiana pela primeira vez, a impressão que tive foi que ela passa uma mensagem de "Ó Pai, por que me abandonastes? Me tire daqui!". No mito bíblico, o Cristo anda sobre as águas, acho que alguém confundiu sobre com sob.

Crsito ao mar

Yemanjá que se cuide, agora ela terá um concorrente de peso!




Aproveitando o post, também quero anunciar que saiu a edição de inverno da Revista Sunshine. Trabalho mais uma vez muito bem feito pelo Rubyers e colaboradores. Vocês podem fazer o download da revista clicando aqui, clicando na imagem que está aí em baixo ou indo no blog do Rubens Medeiros. Pra quem não conhece, a Sunshine é uma revista internética digital sobre cultura, poesia, filosofia e, agora, entretenimento (tudo muito bem ilustrado), de conteúdo totalmente colaborativo (por isso seria legal que você baixasse). Se você gostar, pode divulgar também, faria crianças, já grandes, felizes.

Sunshine


Ouvindo: Arnaldo Antunes - Socorro




Update em 16/07/2009, às 21:43

Quando nóis errra, nóis conserta. Por isso, acho que devo me corrigir no seguinte ponto:
De acordo com o que disse o perfil italiamia producao, que informou ser o idealizador do projeto, sr. Luigi Pirozzi, através de um comentário neste post, o projeto será completamente financiado pela iniciativa privada, ou seja, a prefeitura dessa minha cidadezinha querida não desenbolsará nenhum centavo, ao contrário do que eu dei a entender acima. Abre aspas para o que ele registrou aqui sobre o "Cristo do Mar de Cabo Frio":
"Será um projeto totalmente financiado pela iniciativa privada, seja do Brasil como da Itália. [...] O projeto já conta com uma proposta de patrocínio da Cressi Sub Italia [...] Oultras quatro empresas de diving da europa e grandes empresas brasileiras, a elas também estão sendo apresentada propostas, através de um projeto de captação de recursos. [...] O projeto deve ser entendido como um investimento e não uma despesa"

Esclarecimento feito.
Vou deixar expostos também os queridos parágrafos IV, V e IX do artigo 5º da Constituição:

IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;



Debate sempre é saudável. Aos membros do projeto, deixo meu e-mail aberto para qualquer outro tipo de esclarecimento.

Este blogue ainda está vivo

Ontem à noite, estava eu na sala esperando por um telefonema quando resolvo ligar a TV e procurar algo que prendesse minha atenção. Fui passando de canal em canal, até que cheguei na Rede TV!, justo no exato momento em que um grande gênio dos nossos tempos, Luciana Gimenez, anunciava que possui um blog. Daí eu pensei que se até esta grã-filósofa tem um blog atualizado (e pela intelectualidade das postagens, parece que realmente é a própria quem escreve), não seria legal eu deixar o meu entregue às traças. Por isso resolvi aparecer por aqui hoje pra retirar a poeira e as teias de aranha, depois de mais de um mês sem postar nada.

Mas como atravesso um período de total improdutividade, aproxima-se o inverno e eu já estou ibernando, sobre o que eu poderia escrever? Óbvio! Falta cerca de um mês para o dia dos namorados.
Será que você tem um par passar esse dia? Não sei. Mas se estiver à procura, vê se escolhe direito, pô!


Porque tem gente idiota que namora só por carência e acaba fazendo merda suficiente pra adubar a vida inteira. Acho que as pessoas dão muito valor às datas comercio-comemorativas e espero que se você for do enorme grupo dos que passarão esse dia sozinho, não encane com isso. Não tem nada demais. É só um dia como outro qualquer...
Eu sigo achando que a função da data é aquecer o movimento dos motéis e restaurantes... Mas se você tem seu amorzinho, aproveite. Não custa nada fazer um agradinho, dar um presentinho, uma surpresinha, enfim...






Ouvindo: RHCP - Soul to squeeze

Deus lhe pague!

O Kid Abelha tem uma música chamada Deus (apareça na televisão). Numa das minhas madrugadas insones, passei por alguns canais religiosos. Todos pediam doações em algum momento.
Um deles pedia para que os fiéis-telespectadores-sócios-da-obra enviassem seu ouro (sem conotação, estavam falando de ouro mesmo), usando argumentação barata para tentar convencer os, às vezes ingênuos, telespectadores a doar jóias de família. Um outro oferecia tantas formas de pagamento doação que mais parecia uma intimação: depósito bancário, boleto, débito automático, cartão de crédito, cartão de débito e acréscimo na conta de luz ou telefone (o cara escolhe uma determinada quantia, esse valor vem acrescido na conta e a companhia repassa o valor para o banco a igreja.
Foi aí que o refrão da música do Kid Abelha passou a ter outro significado pra mim: deus, por favor, apareça na televisão (porque os que dizem falar em seu nome, vão acabar queimando o teu filme).



Ouvindo:
Lulu Santos - Melô do amor
Cássia Eller e Hebert Viana - Mr. Scarecrow
Marisa Monte - O bonde do Dom

Propaganda gratuita em tempos de crise

Já há alguns dias, eu queria falar sobre Brasil e Itália. Mais precisamente sobre a posição do governo brasileiro em relação ao pedido de extradição de Cesare Battisti, italiano, militante da geração de 68, acusado de três homicídios pelo governo italiano. Eu ia até devaneiar (palavras: se não existem, invento) sobre um possível diálogo entre o prezindete Lula e o ministro Tarso Genro. Mas eis que surge outro evento envolvendo Brasil e Itália: o governo do Estado, a RioTur e a Prefeitura do Rio resolveram fazer alarde por causa de uma campanha de uma grife italiana. Tudo porque na campanha dois PM's do Rio dão uma dura fazem uma revista de forma um tanto abusiva em duas moçoilas em Ipanema (acho que não preciso explicar que tanto os policiais quanto as "vitimas" são modelos que estampam a campanha). Pra ser mais exata, a questão toda foi por causa dessa imagem:Femistas italianas também se sentiram ofendidíssimas, alegaram que a campanha denigre a imagem da mulher, chamaram a loja de machista, ameaçam boicote e tudo mais. Pessoas normaisA maioria das pessoas só achou algo de mal gosto. Mas a polêmica foi tanta, que a prefeitura de Nápolis ordenou a retirada dos Outdoors da cidade.
Então, movida pela minha curiosidade, fui no site da grife italiana Relish, vi as fotos, assisti ao making of e... não vi nada demais. Vi até de menos, já que não parlo um pio de italiano e o site deles não tem versão em inglês. Geeente, até o Geraldo Magela vê que a campanha brinca com um fetiche! Se as nossas autoridades se sentiram ofendidas com a imagem negativa que a campanha pode passar da nossa polícia ou com a forma que a polícia brasileira é vista lá fora, a população há muito tempo se sente ofendida com a forma que é tratada pela polícia, com o status de impunidade declarada que certos "homens da lei" possuem e com governantes que não fazem nada para mudar isso.
Tem gente que tem fetiche por pés, encanadores, mecânicos, por cinta-liga, por virgens, por nerd's e pelas coisas mais doidas do mundo. Da mesma forma, tem gente que tem fantasias com agressividade, com homens latinos e com policias (homem fardado é, se não o, um dos maiores fetiches femininos). Acredito que essa tenha sido a intenção do ensaio, pelo menos essa foi a minha leitura (inclusive levando em consideração o nome da marca). Isso sem falar na questão da delinqüencia, que não raro vai parar nos editoriais de moda.


Não sei os mais antenados em moda, mas eu nunquinha que ouvi falar dessa tal de Relish! Pelo que suponho, é menor que uma Osklen da vida (adequando para as proporções da minha realidade). Conseguiram uma propaganda gratuita do caralho enorme, e como as roupas da coleção estão lindas, não acredito que isso terá um efeito ruim pra eles. Meia dúzia de italianas deixarão de freqüentar as três lojas da Relish na Itália, mas várias outras passarão por lá.

Boletim: Amy não só continua viva, como agora também salva vidas! Yeah, ela é phodda!

Olhar para o lado

Meus queridos três leitores, eu sempre me questionei sobre "ajuda humanitária", sobre pessoas que se dispõe a ajudar povos distantes mas ignoram a favela que pode ser vista da própria janela e também precisa de ajuda. Minha crítica vinha da minha total ignorância e falta de sensibilidade. Digo que me faltou sensibilidade porque eu não acreditava acredito na verdade desse tipo de "altruísmo". Acho (achava?) que uma pessoa que se dispõe a ajudar um Timor Leste da vida mas não é capaz de ajudar as vítimas das nossas guerras civis brasileiras (sejam guerras civis de fato ou "guerra" contra a miséria, a desnutrição, analfabetismo, etc.) não está sendo sincera, me soa falso, me parece apenas desencargo de consciência. Mas hoje, vendo várias reportagens sobre a tragédia em Santa Catarina, percebi que não tem importância se as diversas formas de ajuda partem de alguém que só quer posar de bonzinho ou de quem se sente realmente tocado com a causa: o importânte é que a ajuda chegue até lá, independente de onde parta.
Então, o pessoal lá de SC, principalmente de Itajaí (cidade que ficou 97% - você não leu errado - coberta pelas águas das chuvas), está precisando muito de sua ajuda. Não sei como você pode ajudar... talvez possa fazer uma doação em dinheiro à Defesa Civil de Santa Catarina no Bradesco (agência 068-0, conta corrente 80.000-0) ou no Banco do Brasil (agência 3582-3, conta corrente 80.000-7), talvez possa enviar roupas, alimentos, brinquedos, material de higiêne pessoal, etc. (lembre-se que eles perderam tudo), talvez você não possa doar nem grana nem outras coisas, mas provavelmente você conhece alguém que pode, então divulgue. Divulgando você corre o risco de fazer com que mais ajuda chegue até lá.

Ah, já ia me esquecendo de dizer que tem vigarista querendo lucrar com isso, pedindo doações para contas que não são da DCESC (Defesa Civil do Estado de Santa Catarina)! Os números das contas que postei aqui foram retirados desta reportagem do Jornal do Brasil.

Se você puder ajudar de alguma forma, pode ter certeza, vai ter muita gente grata.

É cada uma!

Na semana passada foi divulgada a gravação do telefonema de um bandido que roubou um carro no Rio Grande do Sul. O fato já seria considerado normal para a realidade brasileira, mas todo mundo se surpreendeu com a atitude do ladrão, que ligou para a polícia a fim de denunciar os donos do carro por terem deixado uma criança trancada dentro do carro enquanto bebericavam num bar. Não faço apologia de nada, não mesmo, muito menos de criminosos. Mas eu realmente fiquei admirada com a atitude dele (a que ponto chegamos!).
Em compensação tem gente que paga pra receber título de idiota. Um babaca carinha subiu numa viatura da polícia, tirou uma foto e postou no Orkut achando que estava tirando onda com tamanha estupidez.


Claro que ele foi preso dias depois.


Nada mais me surpreende...



Sem trilha sonora


Eu e meus vinte e poucos anos

No alto dos meus 24 anos, não minto a idade. Sim, nasci em fevereiro de 1984 e não tenho nenhum motivo para dizer que nasci em 85, 86... Estive passeando pelo Orkut de algumas amigas, colegas e conhecidas e, não raramente, percebi que a idade é um problema para algumas delas. Até aí tudo bem, acho que uns 90% das mulheres têm problemas em revelar sua própria idade. Mas tem gente que nasceu no mesmo ano que eu e consta 22 anos de idade, tem gente que tinha 21 quando eu tinha 21 e continua com 21, tem gente que fez 24 outro dia mas continua 23, as que têm 26, estão com 24. O que será que houve comigo? Como foi que me tornei uma das poucas que diz a idade que tem?
Conversando sobre isso com um amigo, ele me respondeu com uma frase, que mais tarde descobri ser do Oscar Wilde: "Desconfiem da mulher que confessa a sua verdadeira idade. Uma mulher que diz isto, poderá dizer qualquer coisa." Sinceramente, com meu cérebro de melão, não entendi direito qual foi a dele com esse "desconfie"... Mas, deixando isso pra lá, qual o mal em ser sincera? Já disse que as pessoas sentem medo da sinceridade. Mas, sinceramente não entendo porque mulheres bonitas, inteligentes e que se dizem "bem resolvidas" mentem a idade. Porra, elas ainda são jovens! Seria medo do Renew?
Eu adoraria ter 21, mas tenho 24. Não adianta eu colocar no Orkut, no Myspace nem em algum outro lugar que tenho 21 porque isso não vai parar o tempo, nem alterar meu RG. Fico feliz da vida quando alguém me dá 22, mas não é por isso que vou sair por aí dizendo que tenho 22. Acho que fica até feio.
Lembro que quando fiz 20 anos fiquei temporariamente neurótica, escrevi uma crônica (quanta presunção chamar aquilo de crônica!) chamada As rugas dos vinte anos e recebi de volta uma série de elogios, além de uma página de revista (sim, ele recortou a revista e me deu a página - hahaha - achei singelo)que continha uma crônica chamada Ah, as mulheres de vinte!. Encheu minha bola, nunca mais reclamei dos meus vinte e poucos anos.
Se, sei lá por qual motivo, tem vergonha de dizer a verdadeira idade, ¿Por qué no te callas? Quando alguém me pergunta quantos anos tenho e , pelo mesmo motivo desconhecido, me sinto um tanto constrangida para dizer, mesmo assim digo a verdade, depois de um fanfarrão "já estou chegando na idade de não responder mais a essa pergunta...". Mas, apesar disso, quando tiver trinta e alguém perguntar, não vou dizer que tenho 28. Se o número incomodar, acho mais glam não responder, fazer uma piadinha, mudar de assunto, a mentir.
Oscar Wilde que me perdoe, mas acho que a frase correta deveria ser "desconfie de uma mulher que mente sua idade, se ela esconde até a idade pode esconder qualquer coisa". Será que um dia me tornarei assim? Meeeeeda! Já estou, praticamente, saíndo dos vinte e poucos para entrar nos vinte e muitos e não quero mentir pra mim mesma.

Trilha sonora:
Raimundos - Vinte e poucos anos
Engenheiros do Havaii - Números

Paul McCartney - When I'm 64

Quem são os corruptos mesmo?

É ano eleitoral. As eleições municipais estão batendo à porta. Nas ruas, em pleno sol do meio-dia, várias pessoas seguram faixas e placas de alguns candidatos em troca de R$350 semanais. Os carros de som, proibidos tempos atrás, circulam por todas as ruas da cidade com sua poluição sonora disfarçada de jingles de campanha. Alguns candidatos exibem sorrisos forçados, discursos demagógicos, outros trocam farpas entre si, invés de apresentar propostas. Pessoas simples defendem veementemente determinados canditados, agindo como não agiriam para defender o melhor amigo de uma acusação qualquer.
Olho para os eleitores. Cheguei à conclusão de que a maioria das pessoas não está nem aí pra ética. Como podem chamar um político de corrupto, se elas mesmas só estão interessadas em levar alguma vantagem com a eleição do canditado que apóiam? E quando digo "levar vantagem", não estou me referindo à coisas do tipo ter melhorias para seu bairro, benefícios na área de saúde, educação, etc. Me refiro às pessoas que votam em Fulano porque ele pode conseguir um contrato de trabalho temporário em algum órgão municipal, porque Beltrano vai conseguir uma vaga para a sobrinha na escola x, porque Cicrano pode ajudar sua empresa a prestar serviços para a prefeitura praticamente sem licitação, etc.
Não estou decepcionada com os políticos da minha cidade, mas com os eleitores e sua forma de escolher seus representantes. Aliás, representante é a palavra adequada. O cara que escolhe alguém sem caráter para o representar, só pode não ter caráter também.

Where did all the good people go?

Ainda tem gente que se surpreende quando me pergunta sobre algum programa de tv e eu respondo que não vi.

- Sabe a Glaucicleide da novela?

- Não, não assisto.

- Nããããããããoooo?!

Pois, é. Eu assisto muito pouco. E para falar a verdade, a maioria das vezes que ligo a televisão é para assistir um dvd, um telejornal da madrugada, um seriado. E não estou dizendo isso para me fingir de cult. De fato a televisão perdeu boa parte de seu espaço na minha vida com o advento da Internet. Mas de vez em quando me sinto na obrigação de assistir algumas coisas para não ficar totalmente alienada do mundo televisivo. Neste domingo fiz isso. Liguei minha tv, e comecei a mudar de canal, na esperança de encontrar alguma coisa que merecesse minha atenção. Pasma, não encontrei nada! Onde estão as pessoas que valem à pena ser assistidas, as que merecem ser entrevistadas em horário nobre? Não estão na telinha?

Acho que ampliei demais meu pequeno universo... devia ser como as outras pessoas que esperam pela Fátima Bernardes para saber o que está acontecendo do lado de fora da janela, que acham programas que ridicularizam minorias e vilipendiam a mulher engraçados, que não perdem os capítulos (atualizados diariamente) da vida das “celebridades” nos programas de fofoca e que, é claro, não perdem a novela. Isso é ser normal. E mais normal ainda é considerar esse tipo de programação como "entretenimento".

Será que só eu acho a atual programação da tv aberta um lixo (com raras exceções)? Apertar o botão de desligar está fora de cogitação?

Acho que a tv se tornou um vício para determinadas pessoas, embora elas não percebam, ou não admitam. Foram controladas pelo controle remoto.


Trilha sonora: Titãs - Televisão

Da importância de escrever corretamente

Tem gente que não se incomoda com os problemas que tem com a escrita. Eu não sou a pessoa que escreve dentro do uso normativo da língua portuguesa, nem estou fazendo uma crítica ao já famigerado netiquês, mas é legal escrever de uma forma que seja ao menos legível.

Vai que amanhã você resolva fazer uma homenagem a alguém? Vai que amanhã você deseje se tornar um tatuador? Ou pior, vai que amanhã você receba uma singela homenagem como essa (clique na imagem para ampliar, se não estiver enxergando direito):


Esse post também poderia ser sobre a importância do lugar escolhido para se fazer uma tatuagem, se você não conhecer bem o tatuador...

Trilha sonora: Ultrage a rigor - Inútil

Medo da verdade

Um dia cheguei a conclusão de que as pessoas não gostam da verdade. Às vezes até fingem que gostam, posam de defensores da verdade, mas não, não é sincero. Acho mesmo é que as pessoas, pelo menos a grande maioria, gostam de verdades artificiais, tem o rapaz que toma bomba e acha que está forte, a garota que faz uma progressiva e sai por aí como se nunca tivesse sido crespa, a senhora defensora da moral que finge não saber que o marido tem uma amante, o senhor que esconde dos amigos que está afundado em dívidas, o funcionário padrão que fuma um baseado escondido no banheiro.
Eu não sou a moralista, não estou condenando estas pessoas. Mas a sociedade os condenaria se se mostrassem como são. O rapaz que usa bomba, não seria tão bem aceito se fosse apenas fortinho ou se fosse magrelo mesmo, os rapazes magrelos não fazem muito sucesso quando vão à praia... por isso alguns deles acabam abandonando seu charme natural e preferem ficar fortões, para serem vistos com outros olhos.
As moças de cabelos cacheados... os cachos são tão bonitos. Mas elas não acham, preferem "ser lisas', talvez não seja tanto pela beleza do cabelo liso, mas pela praticidade. É só sair na rua, alguns nem precisam sair para encontrá-las (talvez você que me lê agora seja uma lisa, então eu digo para você: acho lindos os cachos, quisera eu ter chachinhos definidos a lá Maria Fernanda Cândido), alguns lisos se desmancham com água, outros não. Não sei porquê elas alisam, mas se fossem cacheadas ou crespas iam dizer que o cabelo delas não é "bom".
A senhora, mãe de família, que acha a vizinha imoral porque fala abertamente sobre sexo, que vai na missa todo domingo, que convida as amigas para um chazinho às quartas-feiras... o marido dela tem uma amante. Ela nem cogita a possibilidade de ter um, tampouco de largar o traste do marido, precisa manter as aparências. É infeliz, mas tem marido, e para alguns isso é o que importa: ter uma família, não importando se esta é feliz ou não.
O senhor endividado (que até poderia ser o marido da senhora citada anteriormente) contrai mais dívidas para trocar o carro por um zero. O outro carro estava ótimo, bem conservado, semi-novo, mas era um modelo do ano passado... todos os "amigos" dele trocaram de carro, ele se sentiu na obrigação de trocar também. Vai entender...
O funcionário padrão... o cara é considerado pelo patrão como um modelo para os outros funcionários. É pontual, responsável, ajuda os colegas de trabalho (dentro e fora da empresa) quando precisam de algo que esteja ao alcance dele. Mas será que pensariam tão bem dele se soubessem que quando o trabalho o estafa, ele disfarça, no fim do expediente vai ao ban
heiro escondido, depois que todos foram embora e fuma um baseado para tentar relaxar (aos moralistas: não estou fazendo apologia de nada aqui, ok?)?
Algumas pessoas só aceitam aquelas que são verdades artificiais e isso acaba fazendo com que outras passem a usar uma espécie de sinceridade sintética, seja no aspécto estético ou no intelectual.
A verdade: tão amada e tão odiada...



Recomendação de música: Radiohead - Fake plastic trees