Em nome do fone de ouvido! Amém?




Se eu tivesse uma religião, o símbolo dela seria um fone de ouvido. Assim como a cruz é usada pelos cristãos como simbolo de “amor” e “salvação” mas fora do contexto adotado pelo cristianismo não passa de um cruel instrumento de tortura, os fones de ouvido também passariam a ter um significado maior que apenas ser um objeto usado para ouvir música (ou ouvir o que quer que seja). Os fones representariam a liberdade e o respeito às outras pessoas e seus direitos individuais.
Baseando-se na premissa de que os direitos de cada pessoa terminam onde começam os direitos do outro, os principais mandamentos dessa minha religião seriam dois: amarás o senhor teu fone como a ti mesmo e não usarás o alto-falante do celular em vão. Os fones serviriam como metáfora para dizer que todos seriam livres para fazer o que bem entendessem de suas próprias vidas, contanto que isso não interferisse na vida das outras pessoas. Ao contrário de religiosos de segmentos mais conservadores, os adeptos dessa minha ideologia não se sentiriam no direito de se meter em fatores que afetam somente a vida alheia, tampouco buscariam meios para fazer com que pessoas que não compartilhassem da mesma visão religiosa tivessem que aceitar goela abaixo práticas, condutas ou “valores” que não concordassem.
Minha religião também não teria mártires, o sofrimento não seria aceito como coisa louvável e jamais seria incentivado. Trataríamos o sofrimento como um fato inevitável na vida mas nunca daríamos a ele o status de bem aventurança. Sempre que possível tentaríamos colaborar para diminuir o sofrimento dos inocentes, principalmente das crianças. Mas e o sofrimento voluntário? Ora, se alguém escolhe um caminho para si mesmo que não prejudica outras pessoas de nenhuma maneira, seria aceito que ninguém mais tem nada a ver com isso, uma vez somos responsáveis por nossas próprias escolhas.
Então, nessa minha utópica religião, independente de você se sentir feliz com funk, rock, MPB, forró, sertanejo ou o estilo musical que for, o importante seria não impor de nenhuma maneira o seu estilo predileto às outras pessoas. Todos seríamos livres para fazer o que bem entendêssemos mas não teríamos o direito de prejudicar, enganar ou obrigar outras pessoas a participarem. Da mesma forma que acredito na máxima já citada de que o meu direito termina onde começa o direito do outro, também acredito que a felicidade começa quando todos tem seu espaço respeitado. Isso porque as pessoas que seguissem essa doutrina acreditariam que se todo mundo se respeitasse, esse já seria o primeiro passo para que todos pudessem ser felizes.


Ouvindo:
Cascadura - Colombo


Silvana Persan

Some say he’s half man half fish, others say he’s more of a seventy/thirty split. Either way he’s a fishy bastard.

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