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Alguns trocados


Joelson cabisbaixo, com cigarro entre os dedos, sentado na escada. Levantou. Abriu a carteira e viu que só tinha alguns trocados. Trocados. Pensou numa metáfora que explicasse sua situação, tantas boas oportunidades foram trocadas por outras que no fim não valeram tanto a pena. Lembrou do que não trocou, das coisas que não abriu mão, de tudo pelo que lutou e não valeu a pena.

Trocado. Quando chegou em casa já de madrugada e viu que havia sido trocado. Sua esposa saíra de casa, o abandonara, levando os filhos e deixando apenas um bilhetinho. Trocado por um pedaço de papel, Joelson naquele momento acordou e percebeu que deveria ter acordado antes. Entrou no apartamento vazio e só encontrou um “cansei, não dá mais”. Por que ela tinha que ter sido tão sucinta? E as coisas que ele teve que aguentar e abrir mão por causa do relacionamento, não importavam? Abateu-se num misto de fleuma e ressentimento.
Saiu das escadas, voltou ao apartamento. Sentou no sofá da sala e por lá ficou até o amanhecer. Preferiu não ir procurá-la. Dentro de toda sua mágoa, não ligou, não tentou contato. Deixou o tempo passar na esperança de que suas feridas fossem curadas por ele. As semanas foram se passando, a barba por fazer já começava a ficar mais espessa e ele decidiu que era hora de tomar uma atitude, de mudar e ia começar fazendo a barba. Entrou no mercadinho da esquina, comprou um barbeador novo e na hora de pagar se viu novamente diante de trocados.
Relembrou o que vivera e decidiu que não queria trocar o que vivera por nada.

Eu sou do tempo em que a gente se telefonava

- Ei, moça! Não é defeito, não, seu telefone tá sem linha.

Estava folheando a revista de domingo e me deparei com o ingrediente que me faria malescrever essas linhas. Na parte musical, destaque para o show de lançamento de um disco chamado Eu sou do tempo em que a gente se telefonava. Pronto. Desnecessário dizer mais uma vez o quanto sou aficionada por títulos (interessantes).
Não sei você, mas também “sou do tempo em que a gente se telefonava”. E telefonar não era enviar um sms pedindo para alguém entrar no MSN ou no Skype. A gente discava um número, uma outra pessoa dizia “alô” e começávamos a conversar, muitas vezes por horas. Isso acontecia no século passado, onde eu nasci. Hoje olho para o meu celular e qual a principal função dele? Ouvir música. Coloco meu fone de ouvido e vou para todos os lugares curtindo minha própria trilha sonora, como se fosse possível deixar o resto do mundo em mute por alguns instantes. E mais: na maioria das vezes quase xingo quando está tocando AQUELA música e uma ligação interrompe.
Das pessoas que conheço, chuto que apenas para umas três a principal função do telefone seja fazer ou receber ligações. A maioria quer saber mesmo do wi-fi, dos aplicativos, os outros se ligam na câmera e/ou no mp3 player. Você mesmo pode perguntar aos seus amigos o motivo de terem comprado o aparelho que tem. Aposto que não vai ouvir que foi pela qualidade das ligações (“Cara, eu comprei esse celular pra poder falar com as outras pessoas sem nenhum traço de ruído e elas me escutarem como se eu não estivesse falando com um megafone dentro do banheiro minúsculo de algum inferninho”).
Quando eu era adolescente, o celular representava uma certa independência, era ter um aparelho só meu, uma linha exclusiva. Nunca gostei de telefone, mas gostava menos ainda de falar certas coisas na frente de todo mundo. Lembra daquele comercial do governo, “celular... com a sua idade sua mãe nem sonhava em ter um”? Talvez sua mãe quisesse um telefone fixo quando tinha sua idade. Gosto de observar como certas coisas mudam conforme o tempo passa, apesar de algumas mudanças me assustarem às vezes.
Eu sou do tempo em que a gente se telefonava mas acho ótimo não ter mais que te ligar.
Se o disco é bom? Digamos que não é um disco que eu compraria. É, eu sou do tempo em que a gente comprava discos (e muitas vezes comprava por causa de uma única música). Mas essa já é outra história.

Ouvindo: Blubell - Chalala Original

5 boas músicas para o fim de uma quinta-feira de quinta

Aperte o play se quiser escutar um pouco do meu gosto musical um tanto peculiar.


Beatles - Blackbird


Os paralamas do sucesso - Lá em algum lugar


She and Him - I should have known better


The White Stripes - We're going to be friends


Bat for lashes - Bat's mouth




Pra tentar terminar esse dia bem leve.

Sete músicas aleatórias que contam histórias interessantes


Gosto de músicas que digam algo. Nem sempre algo brilhante, é claro, porque não sou intelectualóide a esse ponto e acredito que a estupidez diversão também é necessária (Não só de informação -útil- vive o homem...). Este é um post aleatório, com músicas aleatórias. Até porque, sempre que faço listas, depois de prontas, me pego pensando "faltou essa, faltou aquela e aquela outra...", principalmente quando é algo feito na madrugada-cansada-mas-insone.

Seguem então sete músicas surgidas aleatoriamente na minha cabeça, que contam histórias (que eu acho) interessantes:

Faroeste caboclo - Provavelmente, os odiadores de Legião Urbana nem lerão este post só por ter mencionado a banda "de Brasília". Quando criança (eu e essa minha eterna nostalgia!), gostava de ouvir os discos do meu primo mais velho e essa era uma das músicas que mais gostava. Tudo porque era uma narrativa bem primária, começo meio e fim (mas se olhar mais de perto a história é bem mais complexa). Como sempre gostei de uma história, a saga de João de Santo Cristo é uma das minhas primeiras memórias musicais (o disco em questão foi lançado quando eu tinha uns três anos de idade).



Michelle, ma belle - Cresci ouvindo a lenda de que, após uma turnê dos Fab Four na França, Paul havia se apaixonado por uma francesinha milionária chamada Michelle. Como a guria não tinha dado muita bola pra ele, resolveu então fazer uma música para ela, com versinhos fofos para paixões (quase) bilígues e arrematando com um "I'll say the only words I know that you'll understand". Recentemente, os lusitanos tentaram jogar minhas crenças na vala, mas, mentira ou não, ainda assim prefiro a primeira versão da história.



She Came In Through The Bathroom Window - E se falei de beatles, como não lembrar da surreal She Came In Through The Bathroom Window? Feita após uma vivenciarem a história da fã que faz loucuras pelo seu ídolo, inclusive entrar no hotel onde ele está hospedado pela janela do banheiro. Mais uma pra série Paul arrebata(va) corações.



Vital e sua moto - Os Paralamas foram outra banda dos anos 80 que ouvi bastante (desta vez influenciada por uma fã do power trio conhecida pela alcunha de senhora minha mãe). Também gostava muito de motos (oi, Barbie!) e Vital representa(va) liberdade pra mim.



A história de Lily Braun - Uma das "histórias musicais" mais bem escritas. E nesse ramo, Chico Buarque (goste você ou não) poderia ter vários posts somente sobre suas composições.
Lily Braun, uma "dançarina da noite", se apaixona por um de seus espectadores mas logo se vê derrotada pelo conservadorismo e pela rotina. Uma das armadilhas do cupido? Fiquei com vergonha de dizer que gosto da versão da Maria Gadú.



No rancho fundo - Rá! Quer melhor contador de história que um sertanejo? Minha vó gostava muito desse música e a pequena criança pertubada aqui confundia rancho com gancho (gancho por essas bandas, pra quem não sabe, é uma espécie de lugar para pesca artesanal). Independente dessa minha pequena pertubação infantil, e deixando de lado o fato de não ser fã de música sertaneja e ignorando os estridentes falcetes da dupla Chitãozinho e Xororó, não deixa de ser uma música bonita.



Wonderful tonight - E foi depois dessa que eu quis saber a história por trás de todas as músicas. Os brutos também amam e o Clapton resolveu narrar uma noite em companhia de sua amada. Acho lindo.



Gordura trans


Sempre que alguém diz que a TV deixa as pessoas três quilos mais gordas, penso na Déborah Evelyn e na Carolina Ferraz três quilos mais magras. Duvido da afirmação. Mesmo porque as pessoas da telinha que vi de perto não me pareceram mais gordas. Isso me leva a crer que a única pessoa que pode engordar três quilos por causa da televisão é aquela que fica, com controle remoto em mãos, comendo sei-lá-o-que, no sofá.
Mas não ficarei aqui falando pras paredes sobre a pochete adiposa que preocupa os milhares que suam nas academias. Divago sobre algo pior: a gordura mental. Estudos não comprovam, mas de acordo com observações diárias, o nível elevado de gordura mental é um dos agentes responsáveis pelo entupimento das artérias do bom senso, fato que pode desencadear, entre outros males, a cretinice aguda.
Tais observações parecem comprovar que a cretinice é um mal que, em suas diversas formas, também pode se desenvolver de modo silencioso. Apesar de geralmente não afetar fisíca e sentimentalmente o portador da mazela, a preocupação com o crescimento dessa patologia se justifica, já que uma de suas principais características é foder com a vida prejudicar as pessoas que cercam o afetado de alguma forma.
Como acontece com as gorduras comuns, esse tipo de cretinice se dissolve com uso de desengordurantes que tenham na base de seu princípio ativo altas doses de bom humor. Também são recomendados para evitar seu contágio, espírito esportivo (seja ele em comprimido, chá, suco, adicionado às refeições ou a gosto do cliente) e cabeça fresca.
Nada científico, claro, mas se manter-se longe dos cretinos não é uma opção viável, é melhor pelo menos tentar não se contaminar.


*Gordura trans: de acordo com a Wikipédia, são um tipo específico de gordura formada por um processo de hidrogenação, quer seja natural ou artificial. [...] Seu nome é bastante mencionado devido à sua nocividade à saúde humana.

Ouvindo:
Dax Riggs - Heartbreak hotel

Fim de ano


Todos os anos, nesse período as mensagens de autoajuda (ou que se enquadram em categoria parecida) recebem free pass para invadir a minha vida. Elas chegam por todos os lados, tanto na propaganda no rádio e TV (sim, eu ainda ouço rádio) quanto num e-mail daquele amigo que tem fama de durão. E, por mais repetitivas que algumas delas sejam ou possam parecer, e embora eu delete a grande maioria é fim de ano e elas são bem-vindas mesmo que eu não leia todas. Afinal, de alguma forma elas expressam o desejo uníssono de mudança pra melhor. Desde as religiosas, passando pelas engraçadinhas e chegando às de triplo sentido, no melhor estio Free (cada um na sua, mas com alguma coisa em comum) todos parecem terem sido tocados pela vontade de um mundo melhor.
Dentre as top tops, recebo desde tempos imemoriais uma mensagem creditada à Madre Tereza de Calcutá. Eu sei, você também já recebeu essa:

Faça o bem hoje e sempre

Muitas vezes as pessoas são egocêntricas, ilógicas e insensatas.
Perdoe-as assim mesmo.

Se você é gentil, as pessoas podem acusá-lo de egoísta, interesseiro.
Seja gentil assim mesmo.

Se você é um vencedor, terá alguns falsos amigos e alguns inimigos verdadeiros.
Vença assim mesmo.

Se você é honesto e franco, as pessoas podem enganá-lo.
Seja honesto e franco assim mesmo.

O que você levou anos para construir, alguém pode destruir de uma hora para outra.
Construa assim mesmo.

Se você tem paz e é feliz, as pessoas podem sentir inveja.
Seja feliz assim mesmo.

O bem que você faz hoje pode ser esquecido amanhã.
Faça o bem assim mesmo.

Dê ao mundo o melhor de você, mas isso pode nunca ser o bastante.
Dê o melhor de você assim mesmo.

Veja você que, no final das contas, é entre você e Deus.
Nunca foi entre você e as outras pessoas.


Não sei o motivo, mas gosto dessa mensagem. Claro, descarto os dois últimos versos: a vida não é entre você e deus, é sim entre você e as outras pessoas e, talvez mais ainda, entre você e você. O desafio da brincadeira é descobrir quem são as pessoas que valem a pena. Já que ninguém pode mudar o mundo, o que adianta (?) é tentar atuar no universo ao nosso redor, fazendo o possível para melhorar somente o que está ao nosso alcance. Na teoria é fácil, na prática não deve ser tão difícil assim.


Ouvindo:
Cat Power - Headlights


P.s.: Por que Happy Tree Friends ilustrando o post? Porque ao final de cada episódio tem a moral da história. Até ali tentam te ensinar alguma coisa.

Os livros na estante (parte II)


No início deste ano (ou no finzinho do ano passado) me comprometi a ler 12 livros em 2010, ficando assim com a média de um livro por mês. Era uma dessas "promessas de ano novo". Pa-pé-pi-porém, estamos indo para o mês 10 e até agora o somatório de livros lidos é de apenas 5, sendo que estou lendo dois no momento (Uma história de Deus e Joaquim Nabuco - Essencial) o que elevará esse número para 7. De qualquer forma, estou atrasada em no mínimo 2 livros. Na fila de espera, tenho Cruzadas e Na estrada (este sairá do ról dos clássicos nunca lidos), que se conseguir ler até o fim de outubro, me colocarão em dia com minhas pretensões.
Nesse meio tempo, lendo as intensas cartas de Caio Fernando Abreu (aquele da dupla Caio e Cecília - sempre citados, nunca lidos) acabei relendo Morangos Mofados por impulso. Interessante ver a diferença na releitura quando tive uma outra perspectiva do autor.
A biografia de Lady Day está na lista dos que estou doida para comprar, principalmente por ter visto por 17 contos outro dia, junto com No calor da hora. Os dois completariam a mandala e me fariam realizar o projeto.
Ter lembrado disso, e refletido sobre, talvez pareça apenas vontade de cumprir uma promessa feita a mim mesma. E talvez seja, que mal há nisso? O importante é que a leitura seja feita pelo prazer de ler e não por uma obrigação de mim para eu merma. Por isso, se o BRock do Dapieve aparecer por aqui, será muito bem recebido e festejado.
Fazendo um balanço:

Lidos de janeiro até agora:


Lendo:



Sugestões?



Ouvindo:
Silvia Machete - Só quero saber de você

13 discos que me fisgaram pelo título

Alguns discos, filmes, livros e músicas chamam minha atenção pelo título. Às vezes são tão bons quanto o nome que receberam (ou melhores), já noutras não correspondem às minhas expectativas e deixam o gosto quase amargo que só quem espera mais de algo sente. Numa madrugada insone e insana, resolvi preencher esse espaço que poderia ser usado para coisas bem mais úteis para citar aleatoriamente alguns dos títulos que acho bacanas nos discos nacionais e expor minha visão estrábica, e recheada de chichês, dos mesmos. Uma dessas listas previsíveis e que não contribuem com absolutamente nada, mas que eu me amarro. Oh, doce ócio! Vamos a ela:



Jesus não tem dentes no país dos banguelas - Titãs

Eu tinha três aninhos e a banda que lançou Cabeça Dinossauro (outro disco) horrorizava minha mãe (que nunca gostou dos Titãs). De qualquer forma, a frase Jesus não tem dentes no país dos banguelas resume o trabalho do pessoal que vende água do Rio Jordão nas madrugadas da TV: fabricar um deus à imagem e semelhança do seu público alvo.


O sorriso do gato de Alice - Gal Costa

Durante anos eu acreditei que o nome do disco era "O sorriso no rosto de Alice" e admirava a Alice: ela vive num sonho. Para alguns uma iludida, para outros uma sonhadora e outros, ainda, uma doida. O que os julgadores não veem é o sorriso no rosto de Alice. Vivendo loucamente, ela é feliz. Mas não passava de um gato debochado!


Cantada - Adriana Calcanhotto

Levando o nome de uma das suas 15 faixas, esse é o disco que eu daria de presente se tivesse muito afim de alguém que valesse muuuuuuito a pena.
Até porque, no meu conceito, alguém que vale a pena gosta de ouvir Adriana Calcanhotto (entre outras coisas fundamentais).


Estudando o pagode - Tom Zé

Diante de tantas discussões acadêmicas sobre a obra de Chico Buarque, surge Tom Zé sugerindo jogar luz sobre o lado mais popularesco do pagode. No mínimo inusitado.


Um show de noventa centímetros - Nelson Ned

A gravadora achou legal fazer uma brincadeira (que o politicamente correto de hoje acusaria de mau gosto) com a baixa estatura do cantor e ele levou na boa, já que seu mote era justamente esse.


Nós vamos invadir sua praia - Ultraje a Rigor

Quando eu era criança, a caminho da praia meu primo ia cantando, e nos fazendo cantar, o hit do Ultraje. Do resto da letra eu nem queria saber, só sabia que nós iamos "invadir" a praia (que era "particular", logo não havia ninguém lá além de nós mesmos), num ato "transgressor" da minha infância.


Eu Sou Feio... mas Sou Bonito! - Wander Wildner

Vinícius estava errado e beleza não é tão fundamental assim? Um título que mostra a importância do triângulo "amor, inteligência e riso". Ademais, eu acho o disco realmente bom (mas meu bom gosto musical é muito "só meu" às vezes).


Dos meus braços tu não sairás - Nelson Gonçalves

Mais uma lembrança da minha infância. Minha vó tinha uma estante cheia de discos (e livros) e eu adorava mexer neles (nos livros ela não deixava, só em alguns poucos). Entre os discos da minha vó, esse tinha o título que eu mais gostava. Me passava uma ideia bonita de carinho e afeto e me fazia acreditar que o sapo encantado existia.


Ouça o que eu digo, não ouça ninguém - Engenheiros do Hawaii

Redundantemente Gessinger (e isso é bom).


As próximas horas serão muito boas - Cachorro Grande

Esperança oferecida em bandeja de prata a quem tem vontade de gritar.


Barulhinho bom - Marisa Monte

Sabe quando você procura uma música totalmente despretensiosa? Então você está à procura de um barulinho bom.


Se sexo é o que importa, só o rock é sobre amor - Bidê ou Balde

Ou eu projeto demais, ou a primeira impressão é de que virá (viria) música boa.


Eu, você e o sofá - Odair José

Para provar que os gaúchos do Bidê ou Balde estão errados.


Poderia incluir também o Quatro, do Los Hermanos. Diante de tanta gente que batiza o quarto disco de As quatro estações, o deles é o número 4 e ponto final. Xegundo Xou da Xuxa entraria na lista de títulos bizarros.


P.s: Da Marisa Monte também tem o Memórias, crônicas e declarações de amor.
P.s2 (que não é o cosole da Sony): O disco O Sorriso do Gato de Alice, tem a música mais bonita na voz da Gal (na minha opinião), Nuvem Negra.

Ouvindo: Bad Religion - Infected

A quem interessar possa

Esse post vai pra quem de alguma forma se interessar. Mas com uma ressalva: vai para quem se interessar e não vestir a carapuça. Porque se de algum modo você vestir a carapuça e achar que foi especialmente postado pra você, quero mais que você se foda.

Eu poderia atualizar isso aqui como uma blogueira normal, mas tem acontecido tanta coisa desagradável, que se eu fosse escrever algo, sairia um dramalhão de causar vergonha alheia. Acho que você (querida pessoa desconhecida) não merece ler esse tipo de coisa (viu como eu sou legal?) e também eu não estou afim de expor tão gratuitamente toda a minha estupidez e capacidade pra atrair filhos da puta quem só me faz mal.

Mas para retirar a poeira e as teias de aranha que já estavam tomando conta deste blogue, republico um texto que já foi postado aqui num passado remoto, supostamente de autoria da Fernanda Young.


Aos medíocres

Atenção para um aviso importante: a mediocridade é opcional. Ao contrário das outras mazelas da vida, essa você só tem se quiser. Sendo que já não será um medíocre quem tentar não sê-lo. E tentar é fácil, tente.
Está provado: o ser humano é metade genes, metade meio-ambiente. Você não pode fazer nada se a genética não lhe favoreceu em algum aspecto, mas pode fazer tudo para melhorar a qualidade da sua relação com o resto do mundo. Tirando dele o que ele tem de melhor e vice-versa. Não estamos dizendo que vai ser fácil, mas por acaso é fácil dançar a dança da garrafa? Comece negando tudo que lhe parecer "medianamente médio".
Lembre-se que ser medíocre é mais confortável, por isso fuja do "ah, se tanta gente gosta, por que que eu não vou gostar?" Você não vai gostar porque você merece melhor. Já que ser medíocre é viver na zona franca da existência, feliz por ser mais um igual. Quando só a diferença faz diferença, por menos diferente que ela seja. Só rompendo com esse poder - sim, a mediocridade é um poder que controla nossa vida como um déspota cafona - só rompendo com esse poder, poderemos salvar a humanidade. A luta é diária e individual. Mas sempre valerá a pena, pois de mesmice morrem os mesmos.

Eu não sou besta pra tirar onda de herói

Na estréia de homem de Ferro II nos cinemas, alguém disse no Twitter que o Tony Stark tem o melhor dos poderes entre os super heróis: o poder aquisitivo. Não conheço tão a fundo o universo dos heróis dos quadrinhos, mas sei que esse é o mesmo poder do Batman, por exemplo. Curiosamente, tanto a bilheteria de Homem de Ferro quanto a do Cavaleiro das Trevas foi superior aos últimos lançamentos de X-Men e Super-Homem, que são heróis no estilo clássico, com super poderes.
Batman e o Homem de Ferro têm em comum o fato de não possuírem nenhum poder sobrenatural. A seu favor, ambos contam apenas com a mais mirabolante tecnologia que o dinheiro supostamente poderia produzir. Ambos são humanos, fogem do estereótipo do politicamente correto e ao seu modo tentam contribuir para que o mundo seja um lugar melhor.
Algo me chama atenção nisso tudo. Parece que as pessoas, mesmo que de forma inconsciente, estão buscando coisas mais paupáveis, mais próximas do real e abandonando aos poucos a crença no ‘inatingível’. Tá, eu sei que o cinto de utilidades do Batman é surreal, mas ele não é fruto de nenhuma mutação genética, simbiose, dom recebido numa revelação ou nascimento extraterrestre. Os dois são humanos biologicamente normais usando tecnologia terrestre (fictícia, claro).
Outro dia, no trabalho, alguém questionara ao ver um aluno com a camisa do cliChe, qual seria o motivo de alguns jovens mostrarem ter mais identificação com figuras como Che Guevara e Bob Marley do que com Jesus Cristo. A resposta é simples e evidente: eles foram totalmente humanos, iguais a todo mundo, não tinham nenhum coelho na cartola, pó de diamante ou amuleto mágico. Uma personagem que consegue transformar água em vinho é evidentemente muito admirada (e quantos não desejariam poder realizar esse milagre?) mas todos sabem que não é necessário ter nenhuma capacidade sobre-humana para servir de modelo pra alguém. Acho saudável a admiração e simpatia por personagens de carne e osso, no estilo gente como a gente (mesmo que idealizações romanceadas). Na minha humilde opinião, ficam bem melhor no papel de incentivadores para que a gente faça o que estiver ao nosso alcance para tentar melhorar o universo ao nosso redor com todas as limitações humanas, sem esperar que a ajuda para isso ou algum tipo de recompensa final caia do céu.


Ouvindo: Paralamas - Selvagem

Se o amor é uma merda, ainda bem que existem as músicas de fossa


Todo mundo já teve seus dias de fossa. Nesses dias, andamos de mãos dadas com o brega e qualquer música de novela do Manoel Carlos faz a gente chorar. Se esse não é o seu caso, é o meu. Tem gente que procura logo algum jeito de sair da fossa. Eu não. Da mesma forma que se entra na fossa, se sai dela naturalmente. É algo que todo mundo tem que passar na vida, uma espécie de ritual. E para passar os meus dias de fossa, nada melhor que uma musiquinha, já que o ditado popular diz que quem canta seus males espanta. Curto minha fossinha com músicas apropriadas para entrar no clima e que no fundo acabam ajudando a sair dela também.
Então, aí está a lista que não é esperada por ninguém mas mesmo assim eu quis postar: minhas atuais 10 músicas preferidas para momentos de fossa (não necessariamente nessa ordem). Aperte o play se desejar cair na fossa comigo (não que eu acredite que alguém vá ouvir as dez).

Cat Power - She's got you


Amy Winehouse - Love is a losing game

Bat Fort Lashes - What's a girl to do

Gal Costa - Nuvem negra

Cássia Eller - Por enquanto

The Smiths - Please, please, please let me get what I want

Fernanda Takai - Você já me esqueceu

Los Hermanos - Sentimental

Mademoiselle K - Jalouse

Ximena Sariñana - Mediocre


Porquices

Eu não sou muito de odiar, mas odeio gente porca. Mais que vigaristas de toda espécie, o porco me incomoda deveras. Isso porque, como disse no blog Canal Cereja, a porcaria não é uma coisa que se restrinja ao porco, ela interfere na vida de outras pessoas, inclusive as que prezam por um mínimo de higiene. Já disse também que penso que tem gente que é tão suja por dentro que isso acaba se refletindo do lado de fora, em outras esferas da sua vida. Sim, não é impressão sua, eu tenho uma pequena mania de limpeza. Isso é um defeito (né, Freud?), mas é melhor que ter mania de sujeira.
Sou totalmente a favor de multa pra quem joga lixo no chão, o que já acontece em algumas cidades de países europeus, aplaudo de pé o decreto do prefeito do Rio, Eduardo Paes, que manda prender os mijões de rua (acho ainda que deviam ser multados). Dizem que educação se traz de casa, mas quando isso não é uma realidade acho corretíssimo que o governo tome medidas punitivas. Claro que também tem que ter lixeiras decentes nas ruas, banheiros químicos, etc. Mas até quando o governo providencia tais instrumentos, vejo muita gente que, mesmo estando há poucos metros de uma lixeira, não se dá o "enorme" trabalho de jogar o lixo onde se deve.
Na praia então, isso se agrava monstruosamente. Cara, se você for na praia e pretende consumir algo por lá, leva uma sacolinha pra colocar o seu lixo! Andando poucos metros pela areia se encontra desde cascas de côco, palitos de picolé, latinhas de refrigerante e cerveja, pacotes de biscoito, copinhos de plástico, escatologias diversas e algumas coisas indefiníveis. Tudo largado na areia, quando não preferem enterrar. E o pior é que não é só aqui que isso acontece, em tudo que é canto tem pessoas sem a consciência de que são responsáveis pelo lixo que produzem.
Foi então que, ainda agora, num papo no MSN com o ilustríssimo Vinícius Belshoff, um grande filósofo dos nossos tempos (cof), que conheci a Teoria da Bunda. Disse ele: "aqui em casa a gente segue a teoria da bunda. Até um determinado momento da sua vida alguém cuida da sua bunda pra você, depois quem tem que limpar é você mesmo, a não ser que pague alguém pra isso. É regra de vida".
Tá certíssimo. E acredito que chamar essa gente de porca deve ofender os pobres bichinhos.

Ouvindo: Regina Spektor - Back of a truck

Do ponto de vista da salada




Dado o conservadorismo, pode ter quem ache um tanto vulgar (oi, século XXI). Quero deixar claro que não tem nenhuma intenção homofóbica, feminista ou machista nessa historinha tosca (a primeira da série Salada sem nexo).

Ouvindo: Fuzzcas - Deveras

Arnaldo Jabor, o astrólogo


Tava lá na minha caixa de entrada: os signos e a TV. Eu sempre abro esse tipo de e-mail porque sou chegada numa bobagem. Comecei a ler, até achei engraçado em algumas partes, mesmo sem acreditar muito nessa história de horóscopo. Aí veio o gran finale: "por Arnaldo Jabor". Matou!
Sim, o Jabor pode ter escrito um texto bobo sobre signos zodiacais, mas não era aquele. Principalmente porque sendo ele um cineasta, jamais escreveria cineastra (que deve ter algo a ver com documentaristas de vanguarda que filmam dentro do carro), além de outros errinhos menores e da estilística inconfundível.
Existem duas correntes principais nesse gênero. Tem os que desconhecem o autor e dizem que é de qualquer um e tem os escritores frustados que usam o nome de alguém para promover os próprios textos. Parece babaca. E é. Seria como eu assinar como Martha Medeiros. As pessoas acreditam em qualquer coisa que lêem mesmo.


Ah, claro. Se você acredita, se você acha legal ou se por algum outro motivo quiser apreciar o conteúdo do e-mail (que obviamente não é de autoria do Jabor):

Os signos e a TV

Áries: Vibra quando sai porrada no teste de DNA do Ratinho. Na verdade, ele mesmo já pensou em resolver o problema tem com um vizinho no Programa do Ratinho ou programa da Márcia Goldsmith

Touro
: Assite o programa do Amaury Jr., do Álvaro Garneiro e outros de gente esnobe.

Gêmeos
: Metido a besta que é, o geminiano assite filmes de um renomado cineasta francês só pra depois puxar assunto com você, porque ele sempre tem que falar alguma coisa.

Câncer
: O canceriano grava seus programas preferidos para assistir mais tarde com a família, mesmo sabendo que serão reprisados daqui a pouco.

Leão
: É doido para participar de um reality show, qualquer um. E nem precisa ganhar, ele só quer aparecer. É aquele cara que vai ao estádio com um cartaz escrito 'filma eu, Galvão'.

Virgem
: Como forma inconsciente de tentar se livrar das piadinhas que ouviu a vida inteira por conta do signo, o virginiano é chagado na programação pervertida. Assinante do Sex Hot e outros canais pornô.

Libra
: Libriano que é libriano repara no cenário dos programas, nos objetos de cena das novelas, liga pra Globo para saber o nome do esmalte da Patrícia Poeta e do cabeleireiro da Carolina Dieckmann.

Escorpião
: Participa dos programas de casa, mandando e-mails e fica com ciúme quando os apresentadores mandam beijos para outros telespectadores.

Sagitário
: Sabe o programador de filmes da Sessão da Tarde? O sagitariano também não acha exagero reprisar A Lagoa Azul pela milionésima vez.

Capricórnio
: Se inscreveu em O Aprendiz, mas foi eliminado do programa porque quis ocupar o cargo do Roberto Justos. Fez cópias em DVD e saiu vendendo o programa por aí.

Aquário
: Assiste canais de venda para saber qual é o mais moderno computador touch do mercado.

Peixes
: Ainda não sabe se assiste à reprise do Chaves ou o Jornal Nacional. Espero que até o horário do Programa do ele já tenha decidido.

Amor urgente

Passo pela banca de jornal e uma manchete bizarra salta aos meus olhos (outro dia falo sobre ela). Não resisto e compro o jornal de R$0,50 para rir um pouco com os trocadilhos infâmes da "matéria". No meio do jornal, outra coisa me chama atenção: Pai McGayver (nome obviamente alterado para evitar novos processos).
Pai McGayver é um pai de santo e sua propaganda afirma: "não gosto de mentiras, muito menos pilantragem (...) meu trabalho é sério (...) só faço o trabalho se realmente tiver jeito". Desconsidere Preste atenção no "se realmente tiver jeito" porque a anúncio segue: "Pai McGayver afirma e dá garantia: trago a pessoa de qualquer parte do mundo em 5 horas".
Rá! Se você é um dos picaretas que prometiam trazer a pessoa "amada" em 7, 5 ou 3 dias, só uma coisa a dizer: Perdeu, playboy! Pai McGayver é muito mais eficiente! Aliás, ele conta com outros dispositivos para "amarração", contando com uma linha de produtos que inclui baby dolls, calcinhas e cuecas consagradas, bombons e líquidos (líquidos???). "Tudo para manter quem você ama debaixo dos seus pés".
Antigamente a promessa era trazer o seu amor de volta em 7 dias, depois baixou para 5 dias, caiu para 3 e agora, finalmente, são apenas 5 horas. É o avanço da tecnologia: há alguns séculos a pessoa era trazida pelo caixeiro viajante (levava 7 dias para chegar), depois passou a vir pelo correio (5 dias), daí inventaram o Sedex (no máximo 3 dias) e agora que estamos na era da Internet, a pessoa "amada" volta em 5 horas, que é o tempo necessário para fazer o download de um pacote dessa importância.
Muita gente paga por esses serviços, então se você tem espírito empreendedor não perca tempo, invista com tudo no Macumba On-line. É o empreendimento do futuro. A Anatel já anunciou que a partir de 2010 a velocidade da Internet em todo o território nacional será equevalente à de países de primeiro mundo. Dessa forma a pessoa amada voltará em apenas 5 minutos. (Pra onde vai o charme da conquista? Não sei.)
Independente de eu não acreditar que essas coisas funcionem, tenho um certo medo dessa gente que de tão carente, se fosse possível, seria capaz de "escravizar" alguém só pra não ficar sem companhia. Pra mim isso é doença e se você, querido estranho, pagaria, está pagando ou já pagou por isso, desculpe minha sinceridade, mas acho mesmo que você deveria usar esse dinheiro pra pagar um psiquiatra. Infelizmente não daria pra você comprar amor próprio também, já que este não consta nas prateleiras.

Quanto a mim, continuo querendo a sorte de amores tranquilos.


Ouvindo: BB Brunes - Dis moi

Panorama animador


Mariazinha, que mora numa cidade muito longe daqui, ficou preocupada porque não sabia mais se devia temer os bandidos e ser protegida pela polícia ou se era para não saber quem é quem, já que o noticiário policial da última semana tinha siso uma seqüência da série “se correr o bicho pega e se ficar o bicho come”:

Policial que estava de folga foi à praia armado (no sentido literal da coisa, gente inocente), na saída reagiu a um assalto e acabou atigindo acidentalmente um aposentado que jogava baralho no calçadão.

Cabine da polícia é assaltada (ironia das ironias?). O suspeito do roubo é um ex-policial.

Soldado da Aeronáutica é preso acusado de ser assaltante.

Bandidos atingem helicóptero da polícia usando armamento de uso exclusivo do Exército. Secretário de Segurança diz que o serviço de inteligencia havia previsto que isso aconteceria.

Em São Paulo, policiais militares atiram em policial civil.



Vendo que a coisa estava difícil, Mariazinha resolveu que o melhor a fazer era rezar. Procurou a igreja mais próxima, mas logo procurou outra porque a promessa divina nesta era de magrecer cinco quilos a cada oração. Foi aí que entrou numa missa presidida por dois padres, um suspeito de pedofilia e outro acusado de atropelar um jovem após dirigir embriagado. Não se sentiu muito confortável e acabou parando numa igreja que prometia a solução para todos os problemas, inclusive o do violência urbana, bastava apenas que ela aceitasse Jesus, se tornasse uma dizimista fiel e desse uma contribuição voluntária para uma campanha, que poderia ser parcelada em até 10 vezes no cartão.


Achou melhor voltar pra casa e teve um certo medo no caminho quando soube que tinha pego uma van ilegal e que o cara que dirigia sequer tinha carteira de motorista. Ela não quis ir de carro porque está cada vez mais difícil encontrar um lugar pra estacionar e não foi de ônibus porque parece estar na moda atear fogo nesse tipo de transporte coletivo.


Chegando ao lar, pensou em escrever uma carta exigindo dos políticos uma medida efetiva contra a criminalidade. Desanimou ao olhar para o jornal que estava em cima da mesa e ler que seu deputado era acusado de nepotismo, sonegação de impostos, evasão de divisas, entre outros crimes.


Ligou a tv e por mais que mudasse de canal só achava programas catadores de tragédia e fofoca sobre pseudocelebridades . Mariazinha achou melhor desligar a televisão ao ver que as matérias produzidas pela repórter Kelly Key (pra que diploma, não é mesmo?), sob a orientação do diretor Alexandre Frota, eram o principal chamariz de toda a programação.


Decidiu que o melhor mesmo era criar um clima de romance e pra isso nada melhor que um vinhozinho e filme. Abriu a revista para ver qual era a melhor opção em cartaz nos cinemas, foi até seu computador com Windows pirata e fez o download ilegal do blockbuster. Aproveitou que seu marido tinha saído para trabalhar e chamou Zé Martelão, com quem trai o esposo há 3 anos.
Depois de tórridas horas de sexo com seu amante, finalmente Mariazinha dormiu o sono dos justos.



Ouvindo: Lulu Santos: Esse brilho em seu olhar

Porrada! Porrada! Porrada!


De acordo com o dicionário, porrada signica "pancadaria; pancada com cacete; porretada; grande quantidade". No uso popular, a palavra porrada geralmente é relacionada a nada mais nada menos que à relação bater/apanhar.
Há uns domingos, a Revista da TV, que vem encartada no jornal O Globo, estapou a capa acima, com destaque para a palavrinha inocente. Foi o bastante para que nas duas edições seguintes a seção de cartas dos leitores (ou seção de e-mails, se preferir) fosse tomada por protestos de leitores revoltados com a reportagem sobre o crescimento dos programas de esporte de contato na televisão e mais revoltados ainda com a a legenda na foto da capa.
Havia o grupo 1, os que eram contra que alguém desse tamanho destaque a uma matéria sobre esse tipo de esporte, que defendiam que UFC não passa de "agressão absurda" entre pessoas que nem merecem ser chamadas de pessoas. Particularmente, acho que o Premier Combate que mierda! eu fazendo propaganda gratuita! é um dos raros canais do sistema pay-per-view (ou paper view, como escrevem por aí) pelo qual eu pagaria (se eu fosse fã de tv). Isso também porque eu não pagaria um centavo por canais de futebol ou de realities onde siliconadas passam o dia na piscina e, sinceramente, me incomoda bem mais o espaço que se dá em todas as mídias às novelas, realities do tipo BBB e programaas de fofoca. Mas, como eu estou longe de ser um padrão, as pessoas normais não reclamam do espaço dedicado a certos tipos de programas que pra mim são detestáveis.
Havia também, e era a maioria, o grupo das pessoas que estavam indiguinadas com o uso da palavra "porrada". Nos comentários dos exaltados portavozes da moral e dos bons costumes algo me chamou atenção. Todos estes tomaram a capa como uma terrível afronta. Ora, mas é claro que uma revista de família não pode estampar "porrada" na capa porque senhores e senhoras da reguladora e moralista sociedade cristã acham feio, um palavrão dos mais baixos. E essas mesmas pessoas, tão moralmente esculpidas não viram "porrada" no sentido de pancadaria, como a capa da revista deixa bem claro e sem margem para segundas interpretações. Por causa dos meus dois leitores inocentes, puros, pudicos e angelicais, eu nem vou me dar o trabalho de explicar o sentido ejaculatório da expressão, mas foi por ter visto a coisa nesse sentido mais, vamos dizer, safado que choveu gente reclamando.
O irônico é que essas pessoas saíram metendo o pau, descendo a porrada (as duas expressões no sentido de pancadaria, crianças) no jornal, ofendendo os jornalistas e criticando quem gosta desse tipo de esporte. Tiveram uma atitude muito mais baixa do que muita putaria por aí.
E o pior de tudo isso é que a sociedade inteira está assim. Já reparou no quanto as pessoas estão cada vez mais intolerantes com quem não concorda com elas? Parece que as pessoas acham que só porque alguém gosta de azul, isso o obrigue a ser inimigo de quem gosta de vermelho e vice-versa, como se os dois não pudessem ocupar o mesmo espaço sem se agredir. Tem "gente" se agredindo verbal e fisicamente (inclusive dispostos a matar e a morrer por tão pouco) porque são diferentes em algum ponto, porque torcem para times diferentes, porque tem opções sexuais diferentes, porque são de religiões diferentes, gostam de diferentes estilos musicais, são ou simpatizam com partidos políticos diferentes, ou seja, apenas por causa de pontos de vista diferentes. E isso está começando cada vez mais cedo, veja que os casos de bullying só tem aumentado nas escolas.
E isso é muito doido, porque com o advento da Internet o número de pessoas com mais acesso à informação é maior, isso significa, ou pelo menos deveria significar, um número cada vez maior de pessoas esclarecidas. Mas parece que na outra ponta tem gente cada vez mais ignorante e intolerante (e que faz questão de querer continuar assim). E é essa gente que não quer sair da ignorancia, que só liga pro seu próprio umbigo, que só quer enxergar o seu lado, que se acha dono da verdade ou, na pior das hipóteses, que segue cegamente alguém que se acha o dono da verdade, que faz um mundo cada vez pior, com mais ódio, intolerância, râncor.
Só resta tentar melhorar, sem ligar pra piora dos outros. Melhorar a si próprio numa atitude que pode até ser vista como egocentrica, mas que na verdade é muito autruísta. Porque nossas atitudes, mesmo que a gente e os outros não percebam, mudam as coisas ao nosso redor.
Tá, parei aqui. Esse post tá muito doido.

Coisas que um bombom nos ensina

Isso mesmo, um bombom. Se as grandes coisas estão nas coisas simples, vou escrever sobre isso.
O único tipo de serenata que eu gosto é o bombom. Dias desses ganhei um Serenata de Amor, longe de ser meu bombom preferido, mas bombons são sempre muito bem-vindos. Eis que quando o abro, este que é um dos bombons mais populares que eu conheço, leio algo que deveria ser do conhecimento obrigatório de todos, mas certas pessoas insistem em ignorar:
"Ciúme exagerado não tem nada a ver com amor.
Tem a ver com posse.
E se o parceiro fosse sua propriedade,
no mínimo você teria que pagar IPTU"
Não preciso dizer mais nada. E não me venham com esse lenga-lenga de que "quem ama cuida" porque quem ama não sufoca!
Prontodesabafei!
Ouvindo: AC/DC - Let me put my love

Este blogue ainda está vivo

Ontem à noite, estava eu na sala esperando por um telefonema quando resolvo ligar a TV e procurar algo que prendesse minha atenção. Fui passando de canal em canal, até que cheguei na Rede TV!, justo no exato momento em que um grande gênio dos nossos tempos, Luciana Gimenez, anunciava que possui um blog. Daí eu pensei que se até esta grã-filósofa tem um blog atualizado (e pela intelectualidade das postagens, parece que realmente é a própria quem escreve), não seria legal eu deixar o meu entregue às traças. Por isso resolvi aparecer por aqui hoje pra retirar a poeira e as teias de aranha, depois de mais de um mês sem postar nada.

Mas como atravesso um período de total improdutividade, aproxima-se o inverno e eu já estou ibernando, sobre o que eu poderia escrever? Óbvio! Falta cerca de um mês para o dia dos namorados.
Será que você tem um par passar esse dia? Não sei. Mas se estiver à procura, vê se escolhe direito, pô!


Porque tem gente idiota que namora só por carência e acaba fazendo merda suficiente pra adubar a vida inteira. Acho que as pessoas dão muito valor às datas comercio-comemorativas e espero que se você for do enorme grupo dos que passarão esse dia sozinho, não encane com isso. Não tem nada demais. É só um dia como outro qualquer...
Eu sigo achando que a função da data é aquecer o movimento dos motéis e restaurantes... Mas se você tem seu amorzinho, aproveite. Não custa nada fazer um agradinho, dar um presentinho, uma surpresinha, enfim...






Ouvindo: RHCP - Soul to squeeze

Tô pensando em ir morar em outro planeta...

Às vezes tenho a impressão de que todo mundo está se vendendo. Vender nada mais é que ceder certa coisa por um determinado preço. É isso o que vejo: ninguém, e as exceções são raríssimas mesmo, faz nada de graça. E não estou falando de dinheiro, estou me referindo a sempre querer receber algo em troca, sempre querer ser beneficiado de algum modo, sempre querer levar alguma vantagem. Parece que ninguém mais sorri por ser simpático, ajuda por gentileza, tem que ter algo em troca. Talvez essa barganha faça parte da natureza do ser humano. Mas acho que em determinadas situações as pessoas nem percebem que estão agindo assim, já está no automático. E auto lá! Não confunda com reciprocidade, porque estou falando de agir de determinada forma só para ter algum benefício (imediato ou não) e não de agir da forma x porque a(s) outra(s) pessoa(s) agiu(ram) da forma x com você. Suponho que isso seja saudável até um certo ponto, mas essa história de querer levar vantagem em tudo é muito egocentrismo pro meu gosto! Estamos involuindo dentro da evolução...
Quer dizer, na verdade as pessoas estão fazendo algo de graça: odiando (diga-se de passagem, sem motivo justificável só de babaquice). Se auto-iludem (com hífen mesmo, sr. Acordo). Banalizaram o amor... Reparou que banalizaram o ódio também? Pra todo lado tem um "eu odeio". Ódio é um sentimento muito forte, muito intenso, não é para se aplicar a qualquer coisa sem motivo ou razão. Tem coisas que você não odeia. Até acha que odeia, mas apenas não gosta. Mas o ódio também já caiu na banalidade... talvez nem importe. Ou talvez importe muito! Porque, veja bem, se o amor e o ódio foram banalizados, significa que os sentimentos estão banalizados.
Então, eu ia dizer aqui que ainda vale a pena ser legal de graça, mas acho, sinceramente, que na sociedade em que vivemos, muitos achariam demagógico e desimportante.
Merda. Game over!




Ouvindo:
Malajube - Hérésie