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A oração de Janis Joplin


Na tiração de sarro, por volta de 1970, Janis Joplin compôs Mercedes Benz com outros dois caras. Mesmo após 40 anos, sua letra continua atual. Pra quem não conhece (se é que existe tal pessoa), a música é uma espécie de oração, na qual se pede de uma Mercedes até uma rodada de bebidas, passando por uma TV a cores. Janis estava satirizando o que as pessoas colocam como prioridade.
Eu não acredito no poder da oração, mas acredito em pessoas. E por acreditar em gente de carne e osso (e independente de não crer em misticismos), tenho lá minhas dúvidas com relação ao naipe do ser humano que pede frivolidades para quem quer que seja quando acredita que seus pedidos podem ser atendidos. 
Então a vizinha está rezando para conseguir uma “boa empregada doméstica” (leia-se alguém que tope voltar aos tempos da escravidão). Numa igreja por onde passo a caminho do trabalho, há uma faixa na porta com o convite para a “corrente da derrota dos inimigos”. Lideranças católicas e pentecostais se unem contra os direitos de pessoas que sentem atração por outras do mesmo sexo. Na TV um pastor sugere que os fiéis participem de uma campanha para “prosperidade financeira”. Instituições religiosas arrecadam verba para enviar bíblias a países onde grande parte da população morre de fome. Igrejas evangélicas desrespeitam leis trabalhistas. Igreja Católica luta para doutrinar crianças na escola pública. Igrejas são contra a adoção de crianças por casais homossexuais. Pastor cria dízimo por débito automático. Religiosos se unem para proibir projeto de cinema itinerante em escolas no Acre. Igrejas protestam contra distribuição gratuita de camisinhas. Igrejas são contra o direito de um casal decidir quando e se querem ter um filho. Igrejas pouco fazem para evitar e punir casos de pedofilia, estupro e outros abusos sexuais dentro de seus domínios. Deputados evangélicos declaram abertamente que chantagearam a presidenta e fingirão que não estão vendo certas irregularidades para que a mesma cedesse a um desejo deles. Os grandes pensadores do cristianismo eram contra o meu direito de pensar. Até hoje instituições religiosas promovem fogueiras de livros seculares. 
Qual a prioridade dessa gente? Não parece ser amar o próximo, não me parece ser algo além do individual, não me parece ter a ver com respeito com os demais.




Nossa Senhora do Tablet com Android, rogai por nós!


Seja feita a vossa vontade


Votei pela primeira vez em 2002. Em 2005, minha terceira ida às urnas não foi para escolher legisladores, mas para decidir sobre algo que os mesmos não tiveram coragem suficiente para votar: a proibição da venda de armas de fogo no Brasil.
Na ocasião, depois de diversos debates, após conhecer os argumentos de quem era contra e de quem era a favor e várias discussões em mesas de bar e em almoços de domingo com a família, a sociedade brasileira decidiu que a venda de armas não fosse proibida e que maior rigor nas regras para porte/compra bastavam.
Na minha opinião e análise simplista, quem compra uma arma pretende atirar (em alguém) e quem atira ou é polícia ou é bandido. Não vejo meio termo, é simples: se você não é bandido nem polícia, nem mora no Pantanal e tem que se proteger da Juma, não deve ter uma arma. Por isso, e por outros motivos e estatísticas que não preciso colocar aqui, em 2005 votei pela proibição das armas. Vindo de alguém que cresceu com O menino do dedo verde na estante (não, o livro não é sobre dorgas), essa opinião não deve surpreender.
Após a tragédia na escola em Realengo, minha timeline se inundou de gente fazendo a mesma pergunta: estão lembrados dos argumentos do “Não” no plebiscito do desarmamento? E assim, movido pela comoção nacional, o assunto voltou à tona.
Só tem um porém: quem defende que haja um novo plebiscito são as pessoas que votaram “a favor das armas” e se arrependeram ou quem perdeu e quer aproveitar um momento oportuno para tentar outra vez? Se foi dada à população o poder de decisão direta, o voto da maioria deve ser respeitado. É o que entendo por democracia. Digo isso porque se eu fizesse (e se num futuro referendo sobre outros temas eu fizer) parte da maioria, gostaria que meu voto valesse alguma coisa. Do contrário, a realização de referendos só serve para gastar dinheiro público e colocar alguns nomes políticos muitas vezes nada nobres em evidência.
Resumindo: Sou contra a venda de armas por n motivos e sou contra que o “cidadão comum” tenha direito ao porte, mas também sou contra que uma decisão popular tão recente seja tratada como algo sem valor.
Plebiscito não é A Lagoa Azul, não é para ser repetido a toda hora. Se o povo assim decidiu, que seja feita a sua vontade.


Ouvindo:
Letuce - Tuna fish


Atualização (03:40 am)

Do querido e insone Matheus Vasconcelos, por e-mail: "O que tivemos em 2005 foi um referendo. Plebiscito ocorre quando a população é convocada para decidir algo, antes da decisão do governo. No referendo, a população é convocada para decidir se concorda ou não com uma decisão já tomada".

Quando o fã-clube não é tão fã assim

Não que eu concorde totalmente, mas vale de brinks.

Entrei em contato com a obra do Caio Fernando Abreu num dia cinza. Era 2002 e eu lia o jornal enquanto tomava meu café da manhã. Lá pelo Segundo Caderno, havia uma reportagem sobre o lançamento de Cartas, uma coletânea de correspondências enviadas por Caio a amigos, parentes e outros.
A princípio, não me interessei pelas cartas (só fui ler o livro no fim de 2008), o que me chamou atenção foi outro título citado na reportagem: Morangos Mofados. Já disse aqui que me atraio por títulos (talvez o fato de eu ter grandes dificuldades de cria-los tenha algo a ver com isso) e, assim, Morangos Mofados foi meu primeiro Caio. Depois li Onde andará Dulce Veiga e Os dragões não conhecem o paraíso (taí o título me atraindo de novo).
Mas o Caio tem um porém. Costumo usar uma frase sobre Jesus que talvez se aplique também ao escritor gaúcho (e o mesmo serve para Cecília Meireles): por mais que ele tenha sido um cara legal, existe algum problema com o seu fã-clube. O que é essa gente toda que cita Caio e Cecília? Às vezes fico pensando no que eles, de personalidade forte (sensivelmente fortes) e crítica, pensariam se pudessem ver esse mar de citações envolvendo seus nomes. E olha, eu sou uma dessas criaturas detestáveis que tem frase do Caio na assinatura do e-mail (!)... Mas, percebi que estou desenvolvendo uma certa intolerância antipatia com o pessoal que é fã por causa de citações. Mais ainda quando colocam alguma frase de uma personagem como se fosse a opinião do autor (sem querer entrar na quizomba de até que ponto o autor coloca suas próprias ideias nas falas das personagens).
Como costumo dizer, sou antiga. E pessoas antigas, no geral, são resmungonas. E na condição de resmungona, me pergunto: como é que alguém vira “fã” de determinado autor sem conhecer sua obra, apenas algumas citações? Dessa forma vejo cristãos fervorosos citando e declarando admiração a odiadores do cristianismo, homofóbicos citam autores gays, ativistas citam pensadores contrários aos seus ideais. Sem querer fazer o papel de radical, mas já fazendo, na minha cabeça a citação traz consigo uma dose de admiração. É claro que dá pra se admirar muita gente por uma única coisa, mas, mas, mas... Quem sabe se conhecendo de fato a obra dessa pessoa a admiração não ganhe mais valor, sei lá, uma referência mais verdadeira?
Talvez todos façamos isso em algum momento, pegamos a parte que nos interessa, que encaixa direitinho na lacuna da solução do problema e não damos muita importância ao resto. Ou talvez seja medo de se decepcionar. Sabe quando você escuta uma música, acha perfeita, procura as outras da banda e vê que aquela é a única que presta? Rola uma decepçãozinha, você esperava mais.
Mas quem sou eu pra julgar, se eu mesma de vez em quando leio algo que acho fantástico e acabo usando a frase em algum momento sem necessariamente me aprofundar sobre o autor (vide barra lateral dete blog)? Eu sei, eu sei, citar alguém também é uma forma de dizer “eu queria ter dito ou escrito isso”. Mas vamos combinar o seguinte: se três ou mais frases de algum fulano despertarem sua afeição, confira se ele não tem mais a dizer além de frases soltas e retiradas do contexto. É mais legal quando você conhece o autor.


*Essa foi mais uma postagem das séries Eu tenho ciúme dos favoritos e Velha ranzinza.

Ouvindo:
Rolling Stones - Love is strong

Carnaval Conspiration: samba, suor e cerveja (e aporrinhação)


O carnaval é um período peculiar, eu diria que ele é uma entidade. Gostar ou não da festa de Momo não faz diferença: caso você não vá até o carnaval, ele irá até você. E chegará no conforto do seu lar, como se fosse um cartão de crédito não solicitado que pode despertar diversas reações: você se assusta, você fica feliz achando que ali está a salvação para os seus problemas ou você se revolta. Acho improvável que alguém seja capaz de ser imparcial nessa situação, já que o carnaval possui agentes tão incisivos quanto vendedores ávidos por sua comissão.
Tudo, ou quase tudo, está liberado e que pessoa chata é você que não gosta do carnaval! É época de diversão e você que não vê a hora de ter férias só poderá se dar ao luxo de um descanso se for para um lugar beeeem ermo, porque tal qual ativistas do PETA, os foliões vão utilizar alguns métodos eficazes para que você não fique indiferente à folia. Os quatro principais aqui na minha querida e pitoresca cidadezinha do interior são:

Método Esquindolelê:

Esse método é também conhecido como O Bloco Que Passa Perto Da Sua Casa ou Atrás do Trio Elétrico Só Não Vai Quem Já Morreu.
Assim como a igreja da rua de trás não se incomoda com o barulho que ultrapassa os limites do respeito, os foliões animadérrimos também não se importam se vão invadir o seu espaço sonoro com o barulho do bloco. Mas eles não param por aí, não só de tamborins e marchinhas (e agradeça se o bloco for embalado por uma marchinha!) vive um bloco carnavalesco. Ele, um dos principais personagens do carnaval, deixa de presente "sua" rua suja e mijada. Mas não se importe com isso, você não poderá passar pela rua onde mora mesmo, porque ela estará fechada para uso exclusivo do bloco. Azar o seu se tiver algo importante para fazer no mesmo horário. Divirta-se.

Método Furacão 2000 Delivery:Você está no aconchego do seu lar, aproveitando os dias de folga, pondo a leitura em dia ou assistindo aquele filminho quando um carro tunado passa (sorte sua se apenas passar) com o som no último volume tocando um “duelo” entre Valeska Popozuda e Mr. Catra, acrescentando ao feriado toda a poesia que dias de descanso pedem. Enquanto "o mágico faz mágica e a feiticeira faz feitiço", invés de tentar tapar o ouvido das crianças, você pode aproveitar a oportuinidade e explicar a elas que quando a música diz para “botar com raiva”, não está se referindo à forma de colocar pratos e talheres na pia após o almoço, cedo ou tarde vocês terão essa conversa mesmo.

Método Um Mijódromo No Seu Portão:Nada de banheiros químicos para atender o montante da folia, o lance é o seu portão ou muro ser transformado no mijódromo oficial da rua. Ação compartilhada pela ala Manequinho do Método Esquindolelê. E como numa oferta da Polishop, você receberá de brinde o mormaço que fará o cheiro ficar ainda mais forte. Conforto: é comum chover nesse período, caso a prórpia prefeitura não lave a rua, apele pra São Pedro. E atenção: lavar sua calçada por conta própria pode atrair ativistas ecológicos radicais. Evite aborrecimentos, solte a Silvia Machete que existe dentro de você e fotografe os mijões que forem bonitos e tiverem um... e poste no NSFW do Tumblr.

Método Espuma No Cabelo:

Você não é eremita e vai sair de casa para alguma coisa. Mas não se esqueça: você está no país do carnaval. Olhe duas vezes em todas direções para se certificar de que não há um remanescente de algum bloco ou folião perdido com uma lata de spray na mão. Quem acha que o lança perfume é o vilão da folia, não sabe o que é essa espuma carnavalesca nas madeixas. E claro que você não tem a opção de ser ou não acertado pelo jato que pode partir tanto de um pedestre quanto de um veículo difusor do Método Furacão 2000 Delivery.


Não, eu não odeio o carnaval. Sou a favor da opção e respeito as manifestações populares. Só queria que participar dele, direta ou indiretamente, fosse opcional. Boa diversão ou bom descanso.


Ouvindo:
Moptop - 2046

Do ponto de vista da salada (ou salada mal comida)

Mal comida

Posso fazer uma observação?


Também conhecido como Postagem desnecessária sobre política ou Momento Chiquinha


Num país cheio de problemas sociais como o Brasil, só eu acho de uma mesquinharia ímpar as instituições religiosas considerarem de máxima importância o posicionamento sobre a descriminalização do aborto e o casamento homossexual para manifestar apoio ao cadidato X ou Y? E as outras questões todas, não tem peso nenhum?!
Apesar de não ser uma pessoa religiosa e de não nutrir grande simpatia por qualquer denominação cristã, consigo perfeitamente enxergar contribuições das mesmas para a sociedade. Grande parte das organizações filantrópicas desse país possui ligação direta com alguma igreja e, no meu ponto de vista, isso contrasta fortemente com o fato de eu não ter visto a maioria dos religiosos e suas intituições preocupados com os planos dos candidatos para a área social (inclua aí também educação e saúde). Saíram nomes como Padre Antônio Vieira e Irmã Dorothy, entraram padres e pastores mais preocupados com holofotes e cofres (sejam os cofres pessoais ou os da própria igreja), enquanto a qualidade de vida do povo pouco importa frente à manutenção e imposição de dogmas e conquista de espaço.
Na luta pelo poder, as igrejas e os grandes líderes religiosos (tanto os que apóiam Serra, quanto os que apóiam Dilma) optaram pelo candidato que mais lhes dará abertura ("poder"). Parafraseando a Bíblia: vaidade das vaidades, tudo isso me parece apenas vaidade.
Não existe chance de isso ser apenas um pesadelo? As pessoas acreditam mesmo que CNBB, Macedo e Malafaia estão apenas "em defesa da vida", enquanto é claro e cristalino que estão mais em defesa da sobrevivência das instituições que cada um deles representa? O mais desesperador é que as duas opções de voto abrem mão de ideais e idealismos para agrada-los.


Vou preparar o meu barquinho, a saída deve ser pelo mar.




Ouvindo:
Orquestra Imperial - Não foi em vão

Dizem que ela existe pra ajudar (Parte 1)

Na semana passada o noticiário policial foi o assunto prediminante nesse meu cantinho pitorescamente provinciano de Brasil. Em mais uma ação desastrosa da PM, dois policiais atiraram na cabeça e no peito de um um suspeito. A questão seria que o tal suspeito, aparentemente, só foi colocado no papel de suspeito por ser negro. Recontando: ao ver um um rapaz, negro, vinte e poucos anos, algemando mulher branca, loira, trinta e poucos anos, dois policiais não tiveram dúvidas de quem era o bandido na cena e bang! O rapaz era um policial com pouco tempo de corporação e a mulher uma assaltante. Não dá para ter certeza sobre tudo o que aconteceu ali, há muita coisa mal contada mas outras ficam latentes. O jeito meio Sivuca de ser não permite que os policiais atirem na perna, no braço ou em alguma outra parte onde a morte imediata do indivíduo não seja a única alternativa.
O indiscutível é que a polícia consegue perder até a credibilidade que já não tem mais. Mas, creio eu, corrupção e despreparo não brotam da farda, embora pareçam estar tão intríssicamente ligados. Os policiais são apenas a ponta do iceberg nisso tudo. Nas páginas da Rolling Stone desse mês, encontrei um pensamento em alguns pontos parecido com o meu, o cineasta José Padilha defendeu que o problema maior está na comando e não nos PMs nas ruas. Daí, a culpa é nossa. Nós elegemos quem escolhe o comando da polícia, nós não cobramos mudanças de conduta, nós toleramos exageros e corrupção... No fundo, acho que preferimos que seja assim, se a polícia se tornar honesta, como passaremos pelas blitzes (blitz tem plural?) com documentação irregular ou com algum problema no carro?
Tava ouvindo a música do Paralamas, "vamos consertar o mundo, vamos começar lavando os pratos".
É, lá vai a classe média, fleumática, numa manifestação pela paz.



Ouvindo: B.R.M.C. - Suddenly



Queridos candidatos, é de manhã, eu quero dormir, enfiem a propaganda política no **!

Cabo Frio, 23 de agosto de 2010.

Queridos candidatos,

Talvez os senhores ainda não tenham percebido, mas as musiquinhas escolhidas como trilha sonora para o sonho do poder legislativo são altamente irritantes, poderiam ser usadas com mais eficácia que as da Britney em Guantánamo. A coisa fica pior quando sou acordada pelo som dos alto-falantes dos carros das campanhas eleitorais de vocês. Eu sei que muitas vezes acabo chegando atrasada no trabalho por ter acordado um pouco mais tarde que o programado, mas isso não justifica que um jingle de mau gosto em volume abusivo assuma o lugar do meu despertador!
E por falar em volume, quanto maior a altura do som desses carros menor é o respeito dos nobres candidatos pela população. Aliás, não é só por me acordar, qualquer o barulho externo que ultrapasse os limites das minhas paredes e do bom senso me incomoda. E onde foi parar o bom senso quando esses carros passam até ao lado de escolas e hospitais sem desligar ou abaixar o som? Também me incomoda os chamados "santinhos": na boa, a foto de um sorriso forçado acompanhada de um número não conquistam meu voto nem o voto de qualquer pessoa que tenha dois ou mais neurônios funcionando. E além disso, terminam jogados no chão, emporcalhando ruas e calçadas. Mas a atividade mais mesquinha, dentro da legalidade do processo eleitoral, é a tal de guardador de placa. Definitivamente, sou incapaz de votar em quem paga uns trocados para alguém (em geral alguém muito pobre) ficar exposto ao tempo vigiando ou segurando uma placa de propaganda políticoco-patidária. Poluição total, seja ambiental, visual, sonora. Respeito, zero.
Se fazem isso antes de serem eleitos, o que posso esperar após a eleição? Nada de bom. Por isso, no dia 03 de outubro não vou votar em ninguém. Sempre acreditei que o voto em branco era um voto covarde, que era se eximir da responsabilidade. E se eu estava certa por todo esse tempo, chegou a hora de eu fazer parte do grupo que se isenta do processo político. Simplesmente não tenho em quem votar, não vou votar no "menos pior" porque esse já é muito ruim.
Ok, vocês venceram, votarei em branco. Compra e venda de votos, coligações partidárias absurdas, proselitismo religioso, acordos insalúbres, discursos medíocres e candidatos vazios de sentido político. Sim, eu prefiro ficar fora dessa. Podem chamar de alienada ou do que mais preferirem, não voto nas mesmas caras, nas mesmas promessas, na mesma sujeira ideológica e não encontrei nenhum canditado que me pareça razoavelmente confiável. O destino do país não me parece lá algo maravilhoso nas mãos de qualquer um que se eleja.





Ouvindo:
Dax Riggs - Let me be your cigarrette

Cascadura - Mesmo eu estando do outro lado

Devaneios confusos sobre respeito


Todo mundo que curte um debate ou uma boa conversa deveria levar em consideração a máxima voltairística: posso não concordar com o que dizes, mas defenderei o seu direito de dize-lo
(mas aquela parte de defender até a morte eu passo). Isso não é meramente ser a favor da liberdade de expressão, é também ser a favor do respeito à opinião alheia.
Eu sou do tipo de gente que acha que existem pessoas (?) que não merecem nenhum tipo de respeito e com o passar dos anos, cheguei à conclusão de que estas não merecem que eu perca meu tempo as respondendo. A partir de um determinado momento desses meus 26 anos, decidi que quando me deparo com um desses seres sem naipe falando mierda, o melhor é me calar, essa gente não merece nem minha voz enjoada (quando ao vivo e em cores) nem meus erros de português e abreviações desnecessárias (quando nessa tal de Internet). Passei a deixar os completos idiotas para os mais pacientes e para os meio idiotas e talvez por isso muitos me cosiderem uma idiota também. Mas é preciso saber separar as coisas. Agredir ou diminuir os outros na tentativa desesperada de descredibilizar o os argumentoas alheios (invés de buscar confiabilidade para a sua argumentação) é medíocre, mesquinho e limitado e não contribui com nada além do inchaço do seu próprio ego. Me aborreço quando vejo alguém fazer isso com os outros, mas não defendo mais quem se presta ao mesmo papel, respondendo esse tipo de atitude (sei que é difícil engolir certas coisas).
Acredito que respeito é algo meritório, ninguém é merecedor do meu respeito simplesmente por estar numa determinada posição hierárquico-sócio-cultural. Respeito se conquita através das atitudes, das opiniões ou de um jeithénho siniiixtro praticamente intraduzível. Algum rapper canta que "respeito é pra quem tem", pra quem tem respeito e não pra qualquer um.
E já que falei em rap (mudando de assunto e continuando no mesmo), ele, por exemplo, está longe de ser um dos gêneros musicais que escuto com frequência, mas não é por isso que sairei por aí agredindo quem escuta tentando desmerecer o ritmo, como alguns fazem com o funk pelas bandas da cá. Sou a favor da opção, acho que tem espaço pra todo mundo e quem gosta de determinada coisa deve ter a opção de poder curtir em paz. Não me vejo no direito de tentar diminuir o valor de algo que outras pessoas gostam/praticam só porque eu não gosto daquilo.
Ultimamente não tenho mais conseguido me expressar com clareza (talvez seja o reflexo de que muitas coisas estão confusas) e não sei se vou conseguir fazê-lo agora, mas acredito que o fato de ser onívora não me dá o direito de tentar fazer um vegetariano comer carne, que eu não ter uma religião não significa querer o fim das religiões ou que tentarei "desconverter" as pessoas religiosas (até porque detesto quando o contrário acontece em ambos os casos), que ser hétero não me permite pejorativisar quem sente atração por pessoas do mesmo sexo, etc. Acho que as minhas decisões são minhas, eu as tomo com cachaça e gelo, assumo a responsabilidade e os riscos, espero que as outras pessoas façam o mesmo com as delas e não me meto na vida de ninguém (gostaria que tivessem a mesma postura comigo, embora saiba que não posso esperar muito de alguns).
Além do papo com desconhecidos (tipo se mostrar favorável à legalização do aborto numa conversa de fila de banco com alguém com um terço-chaveiro no zíper da bolsa) e com pessoas que só encontro eventualmente, certos lances da vida me colocaram na desconfortável posição de ter que conviver com algumas pessoas que reúnem mais de uma das características que eu desprezo no ser humano. E eu tenho que aprender a conviver com isso. Tento não puxar assunto, responder monossilabicamente, falar ao motorista somente o necessário, mas como uma das coisas que me incomodam é a falta de Simancol... tá difícil!

Se você é uma dessas pessoas que tentou "conversar" comigo e de repente se viu falando com as paredes, foi pra não baixar o nível, evitar que a coisa chegue ao ponto das ofensas mútuas, uma questão de respeito. Não necessariamente respeito por você, mas respeito pelas outras pessoas (que não merecem presenciar certos "diálogos") e por mim. Tô tentando ser uma pessoa melhor, você poderia fazer o mesmo.

Não deixe que esse tipo de comentário, mesquinho e destrutivo, bloqueie a sua criatividade. Está tudo muito ruim, e nós precisamos mais do que nunca ser solidários uns com os outros. Trocar estímulos. Assim: olha, eu sei que o barco tá furado e sei que você também sabe, mas queria te dizer pra não parar de remar, porque te ver remando me dá vontade de não querer parar de remar também. Tá me entendendo? Eu sei que sim.

Caio Fernando Abreu em carta a Bruna Lombardi.



Ouvido: Alice in Chains - Over Now
(Música que dá vontade de fazer um strip. Mentira. Verdade.)

A quem interessar possa

Esse post vai pra quem de alguma forma se interessar. Mas com uma ressalva: vai para quem se interessar e não vestir a carapuça. Porque se de algum modo você vestir a carapuça e achar que foi especialmente postado pra você, quero mais que você se foda.

Eu poderia atualizar isso aqui como uma blogueira normal, mas tem acontecido tanta coisa desagradável, que se eu fosse escrever algo, sairia um dramalhão de causar vergonha alheia. Acho que você (querida pessoa desconhecida) não merece ler esse tipo de coisa (viu como eu sou legal?) e também eu não estou afim de expor tão gratuitamente toda a minha estupidez e capacidade pra atrair filhos da puta quem só me faz mal.

Mas para retirar a poeira e as teias de aranha que já estavam tomando conta deste blogue, republico um texto que já foi postado aqui num passado remoto, supostamente de autoria da Fernanda Young.


Aos medíocres

Atenção para um aviso importante: a mediocridade é opcional. Ao contrário das outras mazelas da vida, essa você só tem se quiser. Sendo que já não será um medíocre quem tentar não sê-lo. E tentar é fácil, tente.
Está provado: o ser humano é metade genes, metade meio-ambiente. Você não pode fazer nada se a genética não lhe favoreceu em algum aspecto, mas pode fazer tudo para melhorar a qualidade da sua relação com o resto do mundo. Tirando dele o que ele tem de melhor e vice-versa. Não estamos dizendo que vai ser fácil, mas por acaso é fácil dançar a dança da garrafa? Comece negando tudo que lhe parecer "medianamente médio".
Lembre-se que ser medíocre é mais confortável, por isso fuja do "ah, se tanta gente gosta, por que que eu não vou gostar?" Você não vai gostar porque você merece melhor. Já que ser medíocre é viver na zona franca da existência, feliz por ser mais um igual. Quando só a diferença faz diferença, por menos diferente que ela seja. Só rompendo com esse poder - sim, a mediocridade é um poder que controla nossa vida como um déspota cafona - só rompendo com esse poder, poderemos salvar a humanidade. A luta é diária e individual. Mas sempre valerá a pena, pois de mesmice morrem os mesmos.

Do ponto de vista da salada




Dado o conservadorismo, pode ter quem ache um tanto vulgar (oi, século XXI). Quero deixar claro que não tem nenhuma intenção homofóbica, feminista ou machista nessa historinha tosca (a primeira da série Salada sem nexo).

Ouvindo: Fuzzcas - Deveras

Post de Natal


Queridos, é Natal. Data em que se comemora o nascimento do consumismo nas crianças. Afinal, como dizem por aí, ninguém pode ficar sem presente nessa data, nem que seja uma lembrancinha.
E como às vezes a gente quer uma coisa mas acaba ganhando outra ou acha que ganhou uma coisa e depois percebe que aquilo não era como você achava que ia ser, este é o meu post de Natal.