Abadafobia e outros dramas
Me dá mais nojo ainda quando vejo que parte das pessoas que estão ali, acham que o Carnaval é uma época sem lei e que mesmo atitudes estúpidas recebam o nome de diversão. Graças à estratégia adotada através dos anos pela da Secretaria de Turismo, é comum encontrar pela cidade um determinado tipo de turista, o troglodita bombado de regata colorida (vulgo abadá) que anda sempre em grupo, não pelo grande amor aos seus amigos, mas para intimidar em bando. Se você for mulher, esses caras vão te cercar, te puxar e tentar um beijo e/ou um amasso na força. Quando alguém reclama, ainda ouve um "Os meninos só estão se divertindo, é carnaval. Se tivessem te estuprado aí sim seria problema." Por conta de acontecimentos desse naipe (vividos e testemunhados por mim e por tantas outras pessoas que conheço) desenvolvi uma espécie de abadafobia, não posso ver um cidadão com essa vestimenta característica que já desvio, dou meia volta, faço o caminho mais longo mas evito a aproximação.
Outro problema do Carnaval local são algumas atitudes de alguns dos maravilhosos e bem educados turistas que vem nos visitar. Alguns são dos grandes centros ou estão acostumados com o trânsito das grandes cidades e suas ruas largas. As ruas aqui são estreitas, as calçadas aqui são estreitas e não tem como mudar isso. Como toda cidade pequena, tudo gira em torno do centro e o centro aqui é histórico, as ruas da cidade foram planejadas dessa forma ainda no período colonial. Antes de viajar para alguma cidade a turismo, as pessoas deviam procurar informações sobre ela. Se fizesse isso, qualquer turista de uma talvez Baixada Fluminese, que economizou à duras penas para alugar uma casa de dois quartos que entupira com 40 conterrâneos, saberia que não adianta buzinar desesperadamente para o carro da frente andar mais rápido, as ruas estreitas não suportam tamanho tráfego e o carro da frente não está parado porque quer. Quem vem pra cá, sabe do congestionamento à caminho, que começa lá na Ponte Rio-Niterói e só termina quando o motorista chega ao seu destino. Então, se você é um desses malas que buzinam por esporte: vai buzinar na p*ta que o pariu!
Há também o problema do lixo. Cabo Frio, há uns anos atrás foi laureada com o título de "cidade mais limpa do Brasil". Isso não é lá grandes coisas, já que o título foi criado e autoconcedido pelo ex-prefeito (durante seu mandato, claro) e de tal competição, somente Cabo Frio partipara (se você conhece outra cidade que fora agraciada com tal alcunha, cartas pro meu e-mail, por favor), mas é fato que gostamos de manter a cidade limpa. Parte dos turistas, que o secretário de turismo diz ser de qualidade, não dá a mínima pra isso e emporcalha a cidade. Não só não dói coletar o próprio lixo, colocar num saquinho e esperar o caminhão da coleta (que passa diariamente) levar para o depósito, como é a obrigação de cada um. Assim como jogar as latinhas, copinhos, pacotes de salgadinho, papéis, etc. nas diversas lixeiras espalhadas pelas ruas. Sem contar o pessoal do MSP - Movimento dos Sem Praia, que por não ter praia na sua cidade, acham que podem acabar com a praia daqui, largando tudo e qualquer coisa na água e na areia.
Além dos turistas, também temos que dividir as ruas com mendigos afim de conseguir um trocado ou um "negoço-pa-eu-comer-aí-dona" e vendedores ambulantes de balas, doces (mariolas são as preferidas), canetas, isqueiros e cartõezinhos do Smilingüido (tudo produto, assim como o turismo, de altíssima qualidade), ambos escolhem a cidade para passar suas férias na esperança de lucrar com nossos visitantes. E a fiscalização do comércio ambulante e a retirada dos mendigos para o Abrigo Municipal deixa a desejar.
Isso sem falar nos os órgãos públicos, que parecem estar de recesso e não enxergam diversas irregularidades nesse período.
Diante de tal panorama, de um tempo pra cá vem crescendo o número de moradores de Cabo Frio planejando passar o período do confete e serpentina em outros cantos, com ou sem alegorias e adereços. Por que será?
Sei, lá. Gosto mais da minha cidade calma, vazia e limpa.
2 Vozes do além:
Aqui você fala sobre o que bem entender, mas eu vou achar mais legal se você falar sobre o assunto do post. E se você vier só pra fazer propaganda, mando um monstro puxar seu pé de madrugada!